Falhas graves na triagem de refugiados que chegam à ilha grega de Lesbos estão deixando milhares de pessoas à deriva na região, agravando a situação de vulnerabilidade em que se encontram. Crianças, mulheres grávidas, pessoas com deficiência e vítimas de tortura estão vivendo em condições precárias em grandes acampamentos, e não conseguem atendimento adequado em seus pedidos de asilo.
Segundo as leis da Grécia e da União Europeia, pessoas em situação de vulnerabilidade devem ter acesso aos procedimentos padrões para pedido de asilo no país, além de acesso à acomodação e atenção médica apropriadas na parte continental da Grécia. Em vez disso, estão passando por processos relâmpagos e sendo mandados de volta à Turquia. Além disso, a estrutura existente para o atendimento é praticamente inexistente: ao longo de 2018, a ilha de Lesbos contava com apenas um médico indicado pelo governo, para atender mais de 2 mil refugiados por mês. Em novembro, a região ficou sem médico, paralisando a triagem.
Renata Rendón, chefe da missão da Oxfam na Grécia, diz que não reconhecer nem responder às necessidades das pessoas mais vulneráveis é imprudente e irresponsável. “Nossos parceiros identificaram mulheres vivendo em barracas com bebês recém-nascidos, ou adolescentes detidos após serem identificados por engano como adultos. Identificar e ajudar essas pessoas é uma tarefa básica do governo grego e de seus parceiros europeus.”
A Oxfam pede ao governo grego e aos estados-membro da União Europeia que disponibilizem mais médicos e psicólogos aos refugiados, e também que melhorem o sistema de triagem nas ilhas gregas. Segundo a organização, mais pessoas que buscam asilo deveriam ser transferidas para a região continental da Grécia – incluindo as pessoas mais vulneráveis. A Oxfam solicita que os demais países da União Europeia compartilhem da responsabilidade de receber refugiados de maneira mais justa, reformando a Regulação de Dublin de acordo com a posição do Parlamento Europeu.
O detalhamento dessa crise humanitária na Grécia e as soluções proposta foram reunidas no documento Vulneráveis e Abandonados (PDF, em inglês).