Em 2013, lançamos a campanha Por Trás das Marcas com o objetivo de analisar as políticas, compromissos e práticas empresariais das 10 maiores empresas de alimentos e bebidas pelo mundo. Ao longo dos anos, acompanhamos de perto o que elas estavam fazendo para reduzir e promover os direitos humanos em suas cadeias produtivas.
Também acompanhamos como as traders ou intermediárias de produtos, responsáveis por um grande elo e parte das cadeias de fornecimento de alimentos e bebidas em todo o mundo, avaliando os compromissos nos temas de gênero, direitos à terra e mudanças climáticas. Fizemos isso com sete grandes traders: ADM, Bunge, Barry Callebaut, Cargill, Louis Dreyfus, Olam e Wilmar.
Olhar e entender o comportamento das traders é um passo importante para compreender e resolver as lacunas das cadeias produtivas, uma vez que essas são pontos intermediários entre a produção de base e as grandes empresas. Elas recebem reflexos de políticas e compromissos que grandes empresas no topo desenvolvem e aplicam, e têm uma grande capilaridade para que tais políticas e compromissos sejam implementados na base como uma forma de se ter uma cadeia cada vez mais homogênea e com menos lacunas e violações de direitos humanos e ambientais.
Ações e políticas em toda a cadeia
No relatório Grandes Empresas falaram. Os fornecedores escutaram?, que lançamos em 2018, analisamos alguns temas importantes para melhorar a cadeia de fornecimento de alimentos – Mulheres, Terra, Clima, Pequenos Produtores e Transparência e Responsabilização. Além disso, também avaliamos as implicações que esses temas têm para as empresas que foram analisadas na campanha Por Trás das Marcas.
O resultado foi o estabelecimento de importantes ações e políticas em toda a cadeia, como políticas de desmatamento zero e landing grabing (conflitos de terras). Tais ações podem e devem ser absorvidas por outros atores das cadeias produtivas.
Mesmo que os resultados não sejam de todo satisfatórios, eles indicam que as traders estão engajadas em tornar as cadeias mais sustentáveis e reduzir as violações de direitos humanos. Um exemplo disso é que muitas delas desenvolveram e assinaram compromissos de direitos à terra e de combate às mudanças climáticas. No entanto, ainda falta um maior engajamento em políticas de gênero.
Acreditamos que será necessário, nos próximos anos, que as empresas se identifiquem mais com os propósitos para incorporar novos compromissos, aumentando assim o diálogo com as partes e atores interessados. É preciso que criem políticas de compras que prezem por fornecedores que respeitem direitos trabalhistas e o meio ambiente, que sejam mais transparentes e aumentem a rastreabilidade de seus produtos, além de prezarem por salários mais justos e dignos para os trabalhadores, principalmente para aqueles que estão mais na ponta da cadeia.