A campanha Tem Gente Com Fome, coordenada pela Coalizão Negra Por Direitos, em parceria com a Oxfam Brasil e outras organizações da sociedade civil, já apoiou mais de 80 mil famílias em situação de vulnerabilidade econômica, por todo o Brasil, com cestas básicas, cestas verdes, cartões alimentação e kits de higiene. Ao longo dos primeiro 4 meses da campanha, foram arrecadados R$ 16 milhões arrecadados – até julho de 2021. Com o apoio de milhares de doadores individuais e centenas de empresas, a campanha pode chegar a quem mais precisava nesse momento de crise tão profunda em nosso país.
Entretanto, ainda há muito por fazer para que possamos apoiar as centenas de milhares de famílias já mapeadas pela Coalizão.
Entenda a urgência da causa
De acordo com levantamento do Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP, em convênio com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor da cesta básica atingiu R$ 1.064,79, em agosto, na cidade de São Paulo. A estimativa contempla uma família de até 4 pessoas. Se pensarmos que o preço da cesta básica é praticamente o mesmo valor do salário-mínimo – R$ 1.100,00 – fica impossível não refletir e imaginar como está dura a vida de uma grande parcela da população brasileira.
Não podemos esquecer que o Brasil tem hoje mais de 19 milhões de pessoas passando fome e mais da metade do país sobrevivendo com algum nível de insegurança alimentar. Ao final de 2020, no Brasil, 11% dos domicílios chefiados por mulheres viviam com fome e outros 15% enfrentavam insegurança alimentar moderada. A desigualdade racial também é um fator muito relevante: 10,7% dos domicílios de pessoas negras passam fome – ante 7,5% dos domicílios de pessoas brancos. As famílias que vivem em situação de insegurança alimentar moderada também são muito desiguais racialmente – 13,7% de famílias negras e 8,9% de famílias brancas. Os dados também mostram desigualdades rurais / urbanas, quando 12% dos domicílios rurais enfrentam fome, em comparação com 8,5% dos domicílios urbanos. Todos esses dados são da Rede PenSSAN.
A crise econômica no país se aprofundou, muitas pessoas reduziram ou perderam a renda e ainda estamos enfrentando a alta de preços de alimentos já há alguns meses. Ainda, apesar de sofrer uma queda de 0,1% no final de maio, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a taxa de desemprego segue alta: 14,6%. Isso significa que existem aproximadamente 14,8 milhões de pessoas buscando uma posição no mercado de trabalho. Quando o foco passa para o nível de ocupação, os números seguem desanimadores: 48,9% da população em idade para trabalhar está ocupada neste momento.
Mais uma vez, as desigualdades de gênero e raça são importantes, porque o desemprego e, consequentemente, a fome atingem mais as mulheres negras. Segundo análise do data_labe, laboratório de dados que fica na favela da Maré (RJ), que cruzou as pesquisas “Pnad Contínua de 2017 a 2021” e “Pandemia na Favela – A realidade de 14 milhões de favelados no combate ao novo Coronavírus”, do DataFavela – uma união do Instituto Locomotiva, Central Única das Favelas (Cufa) e Favela Holding – , a desocupação de mulheres negras é o dobro da de homens brancos.
A proporção segue a mesma quando são comparadas a quantidade de pessoas com emprego formal dentro e fora das favelas. As pessoas que vivem nas favelas têm duas vezes mais probabilidade de estarem desocupadas.
Contribua com a campanha!
Se você tem a possibilidade de contribuir para a causa, faça a sua doação! Os valores arrecadados serão empregados na compra de cestas básicas, kits de higiene e cartões de alimentação.
#MaisJustiçaMenosDesigualdades