Em seu discurso na abertura da 76a Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada nesta terça-feira (21/9), em Nova York (EUA), o presidente Jair Bolsonaro se mostrou, como sempre, completamente dissimulado em relação às grandes e preocupantes questões brasileiras e globais da atualidade. A única parte verdadeira do discurso do presidente brasileiro na ONU é aquela em que diz que o Brasil hoje é diferente do que vemos diariamente nos noticiários.
De fato a realidade brasileira mudou muito desde que Bolsonaro assumiu a Presidência em 1o de janeiro de 2019. A fome voltou, o desemprego disparou, a economia estagnou, o desmatamento na Amazônia e outros biomas aumentou, a discriminação e violência de gênero cresceu, o racismo se intensificou, a ameaça aos povos indígenas e quilombolas escancarou, a democracia afundou e o país, antes reconhecido mundialmente por sua eficiência e capacidade em campanhas de vacinação, se transformou em terreno fértil para o desenvolvimento de uma das maiores crises sanitárias da história, acumulando quase 600 mil mortes por covid-19. Esse é o terrível legado do governo Bolsonaro até aqui.
O presidente brasileiro gastou boa parte de seu malfadado discurso na ONU para vender um país que só existe em campanhas publicitárias oficiais. Tal qual um mascate, oferece a investidores externos oportunidades que sonega à sua população e omite a imensa crise econômica e de credibilidade de seu governo. Se vangloria de uma legislação ambiental que não respeita e sabota, tece elogios ao agronegócio por alimentar “mais de 1 bilhão de pessoas no mundo”, mas que deixa quase 20 milhões de brasileiros com fome, e esconde a destruição da floresta amazônica e constantes ameaças às populações indígenas.
O Brasil vive novos tempos, disse Bolsonaro. A questão é que essa nova realidade, baseada em falsas informações, é justamente o abismo à beira do qual o mundo teme cair.