Um homem negro é imobilizado por policiais federais rodoviários em Sergipe, arrastado, colocado no porta-malas de uma viatura e asfixiado por gás, lançado por um dos policiais no veículo. No Rio de Janeiro, 26 pessoas – quase todas negras – são mortas por uma unidade especial da Polícia Militar carioca, o Bope, e da Polícia Rodoviária Federal na comunidade da Vila Cruzeiro, na zona norte da cidade.
A violência contra a população negra no Brasil não só está aumentando como vem ganhando requintes de crueldade. O que aconteceu com Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, em Umbaúba (litoral sul de Sergipe), foi mais uma cena dessa realidade. Apesar de imobilizado, Genivaldo foi assassinado de forma desumana.
No Rio, a chacina promovida pela Polícia Militar foi a segunda mais letal da história do estado, só perdendo para a ação realizada em 2021, na comunidade do Jacarezinho, que deixou 28 mortos. Ambas as ações ocorreram na gestão do governador Cláudio Castro, durante a qual já ocorreram 39 chacinas, com 182 mortos – 165 delas em intervenções da polícia em favelas.
Além da crueldade e vileza com que as populações negras são tratadas pelos agentes policiais, chama a atenção que tais fatos não tenham gerado ações imediatas e duras por parte de governadores e chefes das polícias. Ninguém foi preso, ninguém foi sequer afastado. No caso de Genivaldo, a Polícia Rodoviária Federal de Sergipe divulgou nota oficial afirmando que “técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo” foram usadas. Em relação às mortes no Rio de Janeiro, o presidente da República chegou a celebrar ação policial.
A população negra é maioria no Brasil e alvo de muitas violências: representa 78% das pessoas mortas por armas de fogo no Brasil, 72,9% do total de desempregados do país e 77,8% dos que estão entre os mais pobres. É um massacre sobre pessoas que nunca tiveram garantidos seus direitos básicos.
A Oxfam Brasil se solidariza com as famílias de Genivaldo e dos mortos nas chacinas no Rio, e apoia a iniciativa da Coalizão Negra Por Direitos pedindo ao STF que reconheça o estado inconstitucional do tratamento dispensado à população negra no Brasil, vítima constante do racismo institucional, que inclui a violência do Estado e o desmonte de políticas públicas que pudessem dar mais dignidade e proteção às suas vidas.