Sempre que lançamentos um estudo ou pesquisa, ficamos na expectativa de saber como ele contribuirá para o debate público sobre as desigualdades no Brasil. Desde o lançamento de nosso primeiro relatório, A Distância Que nos Une, temos participado de inúmeras conferências, debates e seminários sobre o tema usando os dados compilados no documento, dando assim o justo e necessário destaque a uma das principais mazelas do país. Com isso esperamos não só ajudar a consolidar o debate público sobre o assunto mas também inspirar novas ações e iniciativas que possam levar a discussão adiante.
Iniciativas como a escolha do novo tema da próxima Bienal do Mercosul. Prevista para ocorrer no primeiro semestre de 2020, a Bienal terá a mulher como tema central. A inspiração veio, segundo Gilberto Schwartsmann, presidente da Fundação Bienal, do relatório da Oxfam Brasil lançado em setembro de 2017, que trouxe dados sobre as desigualdades de oportunidades para mulheres e negros no Brasil, em comparação a homens brancos.
O relatório aponta, por exemplo, que apesar de terem escolaridade média superior à dos homens (8,4 anos de estudo contra 8, respectivamente), há uma enorme diferença salarial em favor dos homens. As mulheres com ensino médio completo ganham, em média, R$ 1.338 – 66% do que ganham os homens de mesma escolaridade (R$ 2.023). Na faixa de ensino superior completo, as mulheres ganham menos ainda – 63% do que ganham os homens como mesmo nível educacional (R$ 3.022 x R$ 4.812).
“Não só há discriminação negativa contra negros e mulheres dentro das mesmas faixas educacionais, mas também com as mesmas profissões. Negros e mulheres estão concentrados em carreiras com menor remuneração, e tendem a ganhar menos que brancos e homens mesmo nestas carreiras.”