Qual o impacto da concentração de terras e do modelo de agricultura adotado no Brasil – produção em larga escala de produtos agrícolas voltados para a exportação, como soja, milho e outros – sobre as mulheres trabalhadoras do campo? Como agricultoras familiares, indígenas e mulheres de comunidades tradicionais (quilombolas, por exemplo) lidam com o constante desrespeito a seus direitos e o desigual acesso à terra e recursos naturais?
Para nos ajudar a responder essas e outras questões, reunimos em nosso escritório em São Paulo 15 mulheres de comunidades rurais, movimentos do campo, agriculturas, quilombolas, lideranças de povos indígenas e comunidades tradicionais, de diversas regiões do país, para uma oficina sobre a percepção delas sobre o direito à terra e a desigualdade no campo. Foi um dia de muita reflexão, denúncia e depoimentos de suas trajetórias e luta.
Ao longo da próxima semana vamos publicar aqui em nossa página entrevistas com participantes da oficina, nas quais falam sobre o domínio e o controle da terra pelos homens, as formas utilizadas para silenciá-las na produção do campo e a violência que sofrem todos os dias.
Hoje, os homens controlam a maior parte dos estabelecimentos rurais (87,3%), que representam 94,5% de todas as áreas rurais brasileiras.
Por outro lado, as mulheres representam quase o dobro do número de produtores rurais sem posse terra em comparação aos homens – 8,1% x 4,5%. Os dados são do relatório Terrenos da Desigualdade, que lançamos em 2016 e mostra a conexão entre a concentração de terras e a desigualdade no Brasil.
A Oxfam Brasil está empenhada em denunciar e enfrentar as desigualdades – sejam elas econômicas, políticas, de raça ou de gênero -, em busca de uma sociedade mais justa. E entender a relação do direito das mulheres à terra com a concentração de terras e os impactos da produção agrícola voltada à exportação é crucial para reduzirmos as desigualdades no país.
Entrevistamos três participantes da oficina sobre o tema ‘mulheres e o ‘direito à terra’, leia abaixo:
Mato Grosso do Sul produz carne às custas do sofrimento indígena, diz liderança terena
“A gente via o agronegócio crescendo nas costas daqueles que eles massacravam”