Em mais de metade dos 96 distritos de São Paulo não há sequer um equipamento ou espaço público de cultura para a população. Em 37 distritos não não há acervo de livros infanto-juvenis para as crianças. Em 33, não há leitos hospitalares. E, mais uma vez, 34 distritos apresentam os piores índices. Esses e muitos outros dados evidenciam as muitas desigualdades da maior cidade brasileira e fazem parte do novo Mapa da Desigualdade lançado nesta terça-feira (25/10) pela Rede Nossa São Paulo.
Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, avalia que as políticas dos governos que passaram pela cidade não têm conseguido enfrentar o problema da desigualdade: “não há uma mudança estrutural e significante nesse período”. Para Américo Sampaio, gestor de projetos, “infelizmente, a cidade é para quem pode pagar por ela”.
O Mapa revela ainda um dado preocupante: entre 2013 e 2016, houve melhora em 16 indicadores de desigualdade em São Paulo, piora em 12 e 1 ficou estagnado. No entanto, boa parte dessa ‘melhora’ se deve a retrocesso dos indicadores nos melhores distritos da cidade, e não avanços nos piores.
Rafael Georges, coordenador de campanhas da Oxfam Brasil, esteve presente ao evento e defendeu a urgência de uma reforma do sistema tributário onde os impostos sejam pagos em bases mais equitativas e não recaiam somente sobre a classe média e os mais pobres, bem como a priorização de gastos em equipamentos e serviços públicos para quem mais precisa. “As desigualdades em São Paulo são uma evidência do processo excludente de desenvolvimento brasileiro, que no seu processo de urbanização implantou, nas grandes cidades, as desigualdades nacionais”, afirmou.
Em setembro passado, a Oxfam Brasil lançou o relatório A Distância Que Nos Une apresentando dados sobre a desigualdade socioeconômica brasileira e os possíveis caminhos para resolvê-la. Na oportunidade, Katia Maia, diretora executiva da organização, afirmou que as distâncias impostas pelas desigualdades só podem ser reduzidas em trabalho conjunto de toda a sociedade. “Precisamos falar sobre nossas desigualdades e os caminhos existentes para reduzí-las.”
Tanto o relatório da Oxfam Brasil como o da Rede Nossa São Paulo deixam claro que as desigualdades no Brasil afastam milhões de pessoas de seus direitos básicos e geram distorções inaceitáveis – além de perpetuar a discriminação social e racial. Segundo o Mapa da Desigualdade 2017, quanto mais distante do centro da cidade, mais negra é a população – e menos serviços são oferecidos. A idade média ao morrer de uma pessoa no bairro de Jardim Paulista, que fica numa área nobre da capital paulista, é de cerca de 80 anos. Enquanto isso, no Jardim Ângela, bairro mais pobre da região Sul, a média de idade ao morrer é de 56 – uma diferença de 24 anos.
Baixe aqui o Mapa da Desigualdade 2017 de São Paulo.
Para acessar o relatório A Distância Que Nos Une, da Oxfam Brasil, clique aqui.