O debate público sobre a redução das desigualdades no Brasil é urgente e necessário. Vivemos hoje uma situação insustentável e injusta. Por exemplo: uma pessoa que ganha um salário mínimo por mês hoje teria que trabalhar 19 anos para receber o mesmo que um brasileiro que faz parte hoje do 0,1% mais rico do país. Mais de 16 milhões de brasileiros ainda vivem abaixo da linha da pobreza, apesar de todos os esforços feitos nos últimos anos para enfrentar o problema. Saímos recentemente do Mapa da Fome e retiramos milhões da miséria, mas os ricos continuaram concentrando riqueza. Está mais do que na hora de enfrentarmos a questão com seriedade, urgência e determinação. É o que propõe o novo relatório “A distância que nos une – um retrato das desigualdades brasileiras”, da Oxfam Brasil, lançado na última semana de setembro em São Paulo. O documento apresenta dados sobre a desigualdade socioeconômica brasileira e os caminhos possíveis para se ter um país mais justo e livre de tantos desequilíbrios sociais.
Veja aqui como foi o lançamento.
Baixe aqui o relatório A Distância que nos Une.
“Precisamos falar sobre nossas desigualdades e os caminhos existentes para reduzi-las”, afirmou Katia Maia, diretora da Oxfam Brasil, durante o lançamento do relatório. “A gente acredita que as distâncias só podem ser reduzidas em trabalho conjunto. Isso é o que nos une”, disse ela, lembrando que o Brasil conseguiu elevar a base da pirâmide social nas últimas décadas, mas em um ritmo ainda muito lento. “Atacar essa questão é responsabilidade de todos. Há inúmeras ideias e propostas circulando, algumas até formam consenso na sociedade. A única coisa que não se pode fazer é ignorar o problema e não fazer nada. Estamos juntos no mesmo barco.”
Para Oded Grajew, presidente do Conselho Deliberativo da Oxfam Brasil, trabalhar pela drástica redução das desigualdades no país é a missão mais nobre e mais importante que qualquer brasileiro poderia ter. “O quadro das desigualdades foi construído por todos nós brasileiros, e pode ser mudado também por todos nós. As desigualdades foram construídas, não são algo que sempre existiu”, disse ele, lembrando que os caminhos para conseguir um país mais justo e menos desigual são conhecidos e já testados por outros países. São eles: educação de qualidade, sistema tributário mais justo e ativa participação popular no sistema político.
Rafael Georges, coordenador de Campanhas da Oxfam Brasil e autor do relatório, acredita que toda a trajetória de redução de desigualdades que vinha sendo seguida desde a proclamação da Constituição de 1988 foi interrompida. “E agora estamos dando muitos passos para trás na garantia de direitos à população. Enquanto isso, a concentração de renda e patrimônio continua intocável. Se não enfrentarmos essa situação, vai ser ruim para todos no país – mas principalmente para quem pouco ou nada tem para se proteger”, afirma.
Com o relatório “A Distância Que Nos Une”, a Oxfam Brasil pretende contribuir e apresentar soluções ao debate sobre as desigualdades no Brasil, destacando que todas as pessoas, independentemente de sua classe social, sofrem as consequências. A desigualdade extrema gera conflito social, aumenta a violência e cria instabilidade política. “O Brasil só poderá dizer que é realmente um Estado democrático de direito se oferecer condições melhores para sua população. E isso não vem acontecendo”, “As desigualdades entre pobres e ricos, negros e brancos, mulheres e homens não são um problema de poucos, mas um problema de todos. Esta é a distância que nos une”, define Oded Grajew, presidente do Conselho Deliberativo da Oxfam Brasil.
O evento contou com a participação de alguns convidados, como a poetisa Joy Thamires, que deu seu recado por meio de uma forte poesia, falando sobre uma das principais questões da desigualdade no Brasil: o racismo. “Não tem como falar de desigualdade sem falar de racismo”, disse Joy, que faz parte do Hub das Pretas de Recife, um projeto apoiado pela Oxfam Brasil.
Também fizeram boas reflexões durante o evento, tocando em pontos diversos da questão das desigualdades no Brasil: Marcelo Medeiros, professor da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); Danilo Miranda, diretor regional do Sesc; Cida Bento, coordenadora executiva do CEERT; e Nathalie Beghin, coordenadora da assessoria política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).
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