A população da Faixa de Gaza já está enfrentando uma grande catástrofe humanitária. São mais de 2 milhões de pessoas (quase metade formada por crianças e jovens até 18 anos) que vivem em um território de 365 km2. Essas pessoas já estão diante da falta de comida, água potável, energia e hospitais desde que Israel decidiu impor bloqueio total e bombardear inúmeros alvos na região como sua resposta aos terríveis ataques cometidos pelo Hamas no último sábado (7/10) que incluiu mortes e sequestros de israelenses. Além do bloqueio mencionado, os ataques de Israel também estão ceivando vidas em Gaza.
Mais de 2 mil pessoas já morreram em Gaza e em Israel nos últimos dias, e outras milhares estão feridas. Em Gaza, já existem centenas de milhares de pessoas, incluindo mulheres e crianças, que estão desabrigadas e simplesmente não tem onde se esconder ou mesmo não tem a possibilidade de sair desses 365 km2, porque têm as fronteiras cercadas e sendo bombardeadas. Essa situação tende a piorar caso o governo israelense cumpra a promessa de promover uma invasão por terra.
Atuação da Oxfam na região
A rede Oxfam, da qual a Oxfam Brasil participa, atua naquela região desde 1950, estabelecendo um escritório no local em 1980 e trabalhando com organizações parceiras palestinas e israelenses. A Oxfam trabalha com desenvolvimento agrícola, ações de ajuda humanitária, emergência e saúde primária, educação, proteção a civis e os direitos das mulheres naquela área.
Diante da tragédia humana que ocorre em Gaza a Oxfam Brasil se junta às demais integrantes da Confederação Oxfam, que tem o trabalho humanitário como um dos seus pilares de atuação, desde o surgimento da primeira Oxfam, na Grã-Bretanha em 1942. Temos equipe que está há anos no local e na região do entorno de Gaza. Nosso chamado é para que se estabeleça um imediato cessar-fogo entre Israel e Hamas para que se permita a criação de um corredor de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e de proteção da população civil bem como a entrega de pessoas sequestradas. Esse é um momento em que a prioridade deve ser salvar e proteger vidas de ambos os lados.
Papel do Brasil
A escalada da violência na Faixa de Gaza é sem precedentes e demanda uma ação urgente das autoridades israelenses, palestinas e da comunidade internacional. O governo brasileiro tem uma posição estratégica no atual cenário por ter assumido a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU durante o corrente mês, e acreditamos que ele pode e deve agir decisivamente em prol do compromisso com a manutenção e promoção dos valores humanitários em situação de guerra. Toda a população civil presente em Gaza deve ser atendida pela ajuda que pode vir do estabelecimento de um corredor humanitário.
Essa deve ser a prioridade nesse momento: salvar vidas! Nada é mais importante que isso. “O que estamos vivenciando, desde sábado, começando em território israelense e continuando na Faixa de Gaza, é a perda dos valores humanos mais básicos, é a crueldade em seu estado bruto”.
O Brasil teve atuação decisiva na elaboração da Carta das Nações Unidas e presidiu, com Oswaldo Aranha, a histórica Assembleia da ONU que recomendou a criação de um Estado judeu e um Estado árabe na Palestina, em 1947. Existe uma legitimidade histórica para sua liderança em prol de uma solução urgente que contenha a espiral de violência que já produziu milhares de mortes e tem o potencial de provocar milhares de outras mais.
“Ainda que o foco nesse momento seja a ajuda humanitária imediata, sabemos que uma solução duradoura para o que estamos assistindo de forma estarrecida pelas redes sociais e TVs passa pela retomada do esforço internacional para implementar o compromisso feito no passado de reconhecer o direito de Israel e Palestina a terem seus estados nacionais de forma livre e independente. Infelizmente a Palestina não teve o apoio para garantir seus direitos. É preciso que a comunidade internacional entenda a necessidade de fazer sua reparação histórica”, afirma Katia.