Após sete anos de promulgação da Lei Federal de Cotas[1] e de 15 anos do início da política de cotas no Brasil – o vestibular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) foi a pioneira no país -, temos pela primeira vez um percentual de 50,3% dos estudantes do ensino superior que se declaram pretos ou pardos. Isso revela o sucesso das cotas no Brasil – pelo menos em parte.
Os dados da pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça Brasil foram divulgados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O estudo revela que para alcançar um patamar como esse é necessário um conjunto de políticas públicas, como a das políticas afirmativas. Por isso, elas são importantes, dando conta de apontar medidas que beneficiam especialmente a parcela da população que não consegue acessar bens e serviços por conta da exclusão social.
Ou seja: lidar com as especificidades deve ser parte de uma perspectiva de política universal que visa o enfrentamento das desigualdades e o bem estar social. Ainda assim, é inegável que essa pesquisa do IBGE revela o sucesso das cotas no Brasil.
Diferentes condições de acesso
Se as pessoas têm diferentes condições de acesso, jamais poderão ocupar os mesmos lugares apenas por um esforço pessoal. A população mais pobre, excluída e vulnerável deve ser priorizada numa busca por maior equilíbrio na balança.
É certo que a pesquisa do IBGE revela o sucesso das cotas no Brasil, e por isso devem ser comemorados. Mas é preciso entender que se trata de um passo inicial. Isso porque a presença nas universidades públicas não é suficiente para garantir a permanência e conclusão do curso, muito menos de que será garantido o exercício da profissão em iguais condições que a outra parcela de pessoas brancas formadas.
Outra questão é a área que os negros e pardos estão ocupando nas universidades. Isso porque essa divisão também mostra nuances de poder aquisitivo e status quo no país. O futuro do trabalho está em plena ebulição e muita mudança deverá ocorrer num curto e médio prazo. Mas independentemente de qualquer cenário, a formação universitária segue sendo fundamental em termos de produção de conhecimento e de porta de entrada no mundo do trabalho.