Quando há um ano o ciclone Idai atravessou o sul da África – Moçambique, Zimbábue e Maláui -, muitas pessoas morreram e milhares ficaram sem suas casas, plantações e outros meios de subsistência. O saldo do ciclone Idai 1 ano depois é catastrófico: mais de 500 mortos e 100 mil pessoas que tiveram suas vidas destruídas. Elas ainda sofrem para retomar a rotina com um mínimo de dignidade.
Amelia e Virginia são vizinhas e perderam tudo quando o ciclone Idai passou por Josina Machel, pequeno vilarejo de Moçambique. Mas não desistiram. Usando sementes e ferramentas fornecidas pela Oxfam, agora plantam em terras mais altas, para se protegerem de futuras inundações. A vida ainda é muito difícil para as duas, mas juntas estão fazendo o que podem para darem às suas famílias um futuro melhor.
“O Idai destruiu minha mente. Me faz ficar com raiva às vezes. Meu filho chora porque está com fome e não tenho nada para dar a ele”, diz Virginia, que teme o futuro. “Não sabemos se o clima vai se manter estável como agora. Se o ciclone vier uma segunda vez, como será nossa vida?”
Reconstruindo vidas
O Idai também tirou muito de Amelia. Ela perdeu a casa e sua plantação. Por isso, hoje, a fome é um fantasma que ronda sua família. Mas com apoio da amiga e vizinha Virginia, e também da Oxfam, Amelia já está reconstruindo sua vida.
O ciclone Idai atingiu o sudeste da África no dia 14 de março de 2019. Foi um dos piores já vistos na região, deixando centenas de mortos e milhares desabrigados. Destruiu residências, estradas, escolas, infraestruturas de abastecimento de água e saneamento de dezenas de cidades. Também deixou milhares de pessoas isoladas, sem acesso a serviços básicos.
Atualmente, quase 10 milhões de pessoas dos três países atingidos – Moçambique, Maláui e Zimbábue – continuam precisando desesperadamente de ajuda alimentar. Isso não apenas devido ao ciclone, mas também secas e conflitos armados. Com isso, a pobreza e a desigualdade atingiram altos níveis na região, aumentando a vulnerabilidade das pessoas e tornando mais difícil uma recuperação.
“O ciclone Idai foi tudo menos um desastre natural. Essa tragédia foi alimentada pela crise climática que vivemos, potencializada pela pobreza, e as desigualdades”, afirma Nellie Nyang’wa, direetora regional da Oxfam para o sul da África.
Ciclone Idai 1 ano depois
O ciclone Idai foi um entre muitos eventos climáticos extremos a atingir o sul da África nos últimos anos. Pouco depois de o Idai causar tanto estrago por cinco meses em três países do sudeste africano, um segundo ciclone, o Kenneth, atingiu o norte de Moçambique, trazendo chuvas torrenciais e enchentes entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020.
Apesar da crescente crise climática, os países mais pobres não estão conseguindo ajuda suficiente para se adaptarem, e não há um fundo dedicado a ajudá-los na recuperação das perdas e danos causados por desastres climáticos.
Moçambique, por exemplo, é um dos países mais pobres do mundo. Ainda assim, teve que tomar um empréstimo extra de US$ 118 milhões do FMI para começar a reconstruir o país. No entanto, estima-se que só o ciclone Idai causou prejuízos de cerca de US$ 3,2 bilhões.
Você pode ajudar. Doe para nosso Fundo Global de Emergência.
Ajuda humanitária em parceria
Beira, cidade de Moçambique com cerca de 500 mil habitantes – e uma das mais atingidas – está com 90% de seu território debaixo d´água. No Zimbábue, a maior parte das cidades só está acessível por meio de helicópteros.
A Oxfam arrecadou mais de 14 milhões de libras para ajudar quase 800 mil pessoas em Moçambique, Maláui e Zimbábue, incluindo comunidades em áreas remotas e de difícil acesso. Nesse ano 1 do ciclone Idai, a Oxfam e organizações parceiras providenciaram assistência de emergência na região, que foi fundamental para aliviar o sofrimento de milhares de pessoas.
Centenas de milhares de pessoas perderam suas casas e todos seus pertences. Elas estão alojadas em acampamentos precários, sem comida ou água para beber. Há riscos de surtos de doenças devido à falta de sistemas de saneamento básico.
Com isso, foram distribuídos alimentos, cobertores e kits de higiene , e também instalados banheiros e bomba de água em acampamentos temporários. Além disso, técnicos da Oxfam e de parceiras locais ofereceram oficinas para que os pequenos fazendeiros locais possam diversificar suas plantações e aprimorar suas técnicas. Assim, eles poderão sofrer menos em tempos de seca ou inundações.