Hoje, 7 de abril, é o Dia Mundial da Saúde. A data foi criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1950 com o objetivo de promover boas práticas de saúde e estimular políticas públicas nesse sentido. Assim, no atual contexto de pandemia de coronavírus, a data se torna ainda mais importante. Temos que discutir o coronavírus e a desigualdade na saúde.
O coronavírus vem causando grande sofrimento nos países ricos, sobrecarregando alguns dos melhores sistemas de saúde do mundo. Agora, no entanto, com a doença agora se espalhando por muitos países pobres, onde altos níveis de pobreza e desigualdade podem acelerar a contaminação, os desafios de saúde pública são ainda maiores.
Os números da desigualdade na saúde
Quase 3 bilhões de pessoas em todo o mundo em desenvolvimento não têm acesso à água limpa. Além disso, milhões não têm acesso à saúde adequada e vivem em favelas superlotadas ou campos de refugiados onde isolamento social é impossível. Em Mali, país africano devastado por conflitos, há apenas três ventiladores por um milhão de pessoas.
No Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, o coronavírus já está atingindo duramente os mais pobres. Metade da população vive com uma renda média de cerca de R$ 400 e em condições precárias de moradia, sem saneamento básico como esgoto e água potável. Nosso Sistema único de Saúde, o SUS, atende mais de 190 milhões de pessoas, sendo que 80% delas dependem exclusivamente dele para qualquer atendimento de saúde.
Coronavírus agravado pela pobreza
A pandemia de coronavírus atinge a todos, mas recai mais fortemente sobre as pessoas mais pobres. Para além de falta de acesso a serviços públicos de saúde, prevenir a doença é um desafio. Por isso, a relação do coronavírus e desigualdade na saúde são evidentes em todos os cantos.
Por exemplo, moradias precárias e superlotadas que impedem o isolamento social é um dos fatores. E os reflexos são enormes. Segundo dados do último Censo Demográfico do IBGE, 11,4 milhões de pessoas vivem em favelas. Isso corresponde à 6% da população com grandes chances de contaminação se nada for feito.
Coronavírus e os efeitos na renda das famílias
Para uma grande parcela da população que vive da informalidade, isolamento social é igual a menos comida na mesa, porque se não trabalham não têm renda. Segundo dados do IBGE/PINAD, cerca de 40% dos trabalhadores brasileiros são informais, ou seja, nesse período de crise não contam com nenhum tipo de seguridade social.
Um setor especialmente afetado pela crise de coronavírus é o de serviços. Segundo dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), o setor emprega 12,3 milhões de pessoas. Com o isolamento social, essa massa populacional ficou de um dia para o outro sem meios de vida.
Soluções para a saúde de quem mais precisa
Os países mais ricos do mundo devem financiar os recursos necessários para que os 85 países mais pobres, onde vive hoje metade da população global, possam reforçar seus sistemas de saúde e assim evitar a morte de milhões de pessoas pela pandemia de coronavírus.
A Oxfam calcula que sejam necessários US$ 160 bilhões para um Plano Global de Saúde Pública e de Emergência. Esse valor, que inclui o perdão das dívidas dos países mais pobres do mundo, é menos de 10% do estímulo fiscal dado pelos Estados Unidos para enfrentar a doença.
Além disso, garantir uma renda básica é fundamental para ajudar as pessoas mais pobres a enfrentar a crise econômica que virá com as restrições impostas pela pandemia.