Marina Marçal - Analista de Políticas e Incidência | Setor Privado e Direitos Humanos
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Trabalhadores rurais também têm que ser protegidos do coronavírus
30/04/2020Sobre o autor:
Marina Marçal - Analista de Políticas e Incidência | Setor Privado e Direitos Humanos
O impacto do coronavírus não se dá apenas nos grandes centros urbanos. No campo, a pandemia também oferece grande risco a milhões de pessoas, especialmente trabalhadores rurais e produtores, que estão sob pressão para manter o abastecimento de alimentos à população.
Conforme a pandemia se espalha pelo interior do país, é muito importante levar em consideração a situação em que se encontram os trabalhadores e trabalhadoras rurais, e em especial os da fruticultura.
As empresas de alimentos e os supermercados precisam agir para reforçar os cuidados a serem tomados por seus fornecedores de produtos. Com isso, elas podem garantir a proteção dos trabalhadores e trabalhadoras rurais em meio à pandemia de coronavírus.
Além disso, é importante se preocupar com as condições adequadas de trabalho, saúde e higiene no campo. Assim, será possível garantir a continuidade de abastecimento de frutas nas cidades sem oferecer risco aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, nem piorar suas condições de vida.
Muitos países estão na expectativa de uma disseminação mais forte do coronavírus, principalmente os da região sul do planeta. Estes estão entre os mais pobres e são fornecedores de matérias-primas. Muitas das atividades realizadas nesses países estão relacionadas com violações de direitos humanos. E seus sistemas de saúde são frágeis e insuficientes para lidar com uma pandemia como a que estamos vivendo hoje.
É evidente que a crise do coronavírus vai piorar as condições de vida das pessoas mais pobres em todo o mundo. Para quem vive no campo, a situação não é diferente. A perda de meios de subsistência para agricultores familiares, bem como a interrupção ou diminuição da produção de muitas cadeias de alimentos devido a medidas introduzidas globalmente para conter o coronavírus trará um impacto maior para trabalhadoras e trabalhadores rurais. Principalmente aqueles que têm trabalho temporário (os chamados ‘safristas’).
Nos últimos dias, a Oxfam Brasil recebeu inúmeros relatórios de organizações parceiras sobre a situação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais nas cadeias globais de fornecimento de alimentos:
As questões elencadas acima demonstram que os supermercados podem ter um papel de destaque na proteção dos trabalhadores rurais, pressionando seus fornecedores a oferecerem maior segurança a quem planta e colhe nossos alimentos. Por isso, os supermercados devem reforçar as preocupações com as condições de vida, saúde, higiene e trabalho dos trabalhadores rurais com os grandes produtores.
A Oxfam Brasil está com uma petição online pedindo aos supermercados que pressionem seus fornecedores para garantirem vida digna aos trabalhadores rurais.
No Brasil, a Confederação de Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar) e a Confederação de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) ressaltam que não há dúvida que a produção de alimentos é essencial para garantir o abastecimento das cidades e o alimento nas mesas de todos os cidadãos. No entanto, essa necessidade extrema não pode ser utilizada para legitimar condições de trabalho que violem o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
São os trabalhadores e trabalhadoras rurais do mundo todo que estão produzindo a comida que chega aos supermercados nas cidades durante a quarentena. Devemos garantir que essas pessoas que estão produzindo nosso alimento tenham uma vida digna e segurança contra o coronavírus.
Desigualdade no campo
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