A Oxfam Brasil expressa severa apreensão com a demissão de mais um ministro da Saúde do atual governo. Nelson Teich deixa o cargo em menos de um mês, em meio à pandemia da Covid-19 e do agravamento da crise sanitária em todo o Brasil.
A notícia divulgada pela imprensa de que uma das razões para sua saída foi a pressão para mudar o protocolo de atendimento às vítimas da Covid-19, incluindo a aplicação de cloroquina em pacientes leves, é estarrecedora. Isso contraria todas as orientações científicas e médicas que atestam importantes efeitos colaterais do medicamento; não há, hoje, evidência científica da eficácia dessa droga.
Um outro motivo, de que o Ministério da Saúde deveria defender o fim do isolamento social em nome da “retomada econômica”, novamente contrariando a ciência, é igualmente preocupante. O ministro Mandetta também saiu por pressões que vinham diretamente da Presidência da República.
“O Brasil sempre foi um país reconhecido internacionalmente por bons tratamentos e políticas de saúde, como no caso do HIV-Aids e do Sistema Único de Saúde (SUS). Infelizmente, estamos perdendo esse lugar de referência para nos tornarmos o país do qual os demais começam a querer distância. O país está assustando o mundo pelo descontrole da epidemia e pelo menosprezo do presidente pela vida de sua população. A Oxfam Brasil tem esperança de que as instituições democráticas não permitam que mais brasileiras e brasileiros sejam mortos pelo perfil autoritário, o despreparo do governante atual e a ausência de políticas públicas adequadas para a crise sanitária e também econômica e social que enfrentamos.”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.