Foto: Agência Brasil
A vacina contra coronavírus é a única medida que pode realmente proteger a todas as pessoas. Enquanto trabalhadores do setor de saúde atuam incessantemente para cuidar dos doentes, pesquisadores estão correndo para encontrar essa solução.
Mas, até que ela seja descoberta, as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para prevenção do coronavírus – como manter o distanciamento social, a higiene das mãos e usar máscara – ainda são as formas mais eficazes de evitar a propagação da doença.
Enquanto a vacina contra o coronavírus ainda parece um sonho distante, no Brasil, a situação tem se agravado. Segundo os dados oficiais, em 10 de junho o país já contabilizava mais de 710 mil os casos confirmados e 37 mil mortes pela doença. Além disso, o Brasil é o país que menos consegue fazer testes e, por isso, há uma subnotificação de infectados e de óbitos causados pelo coronavírus.
Como agravante, o governo brasileiro decidiu restringir a divulgação de dados sobre a doença no país nos últimos dias – justamente quando o Brasil estava entre os países com maior número de casos. Por isso, a Oxfam Brasil e outras 100 organizações assinaram uma carta aberta cobrando transparência do governo federal sobre esses números.
O peso da desigualdade
A falta de uma vacina contra o coronavírus e a crise gerada pela doença têm causado efeitos ainda maiores entre as populações mais vulneráveis. Assim, o número de casos confirmados tem crescido principalmente nas periferias do país.
As principais medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para conter o avanço do coronavírus são o isolamento social e a higiene constante das mãos com água e sabão. No entanto, algo que a princípio parece tão simples é quase impossível para a população mais vulnerável.
Outro pronto que agrava a situação nas regiões mais vulneráveis é a falta de leitos de UTI no sistema público de saúde.
Um levantamento recente da rede Nossa São Paulo sobre a distribuição de leitos de UTI do SUS na capital paulista confirma a desigualdade que as pessoas mais pobres enfrentam: apenas três subprefeituras (Sé, Pinheiros e Vila Mariana), localizadas nas regiões mais ricas e centrais, concentram mais de 60% dos leitos de UTI do SUS no município. Enquanto isso, para 20% da população (2.375.000 pessoas) que vive em sete subprefeituras localizadas nas periferias, não há um leito sequer.
Qual é o remédio para a Covid-19?
Um dos efeitos colaterais da crise causada pela pandemia é que talvez nunca tenha se dado tanta atenção para a ciência. Seja pelos testes de medicamentos para o tratamento dos infectados, seja na busca pela vacina contra o coronavírus, é nos cientistas que repousam as esperanças de todos para uma saída realmente definitiva da crise que vivemos.
Muitos medicamentos foram testados, mas nenhum se mostrou realmente eficaz. Certamente, os mais conhecidos foram a cloroquina e a hidroxicloroquina, que foram propagandeados pelos presidentes do EUA, Donaldo Trump e do Brasil, Jair Bolsonaro, quase que como soluções mágicas. A ciência, no entanto, provou o contrário.
Vacina para quem?
Assim, há grande expectativa sobre a descoberta de uma vacina contra o coronavírus. Hoje, mais de 100 laboratórios no mundo correm contra o tempo tentando descobrir essa que seria a única solução realmente eficaz para a crise gerada pela doença.
A empresa britânica AstraZeneca, associada à Universidade de Oxford, acredita que seja possível desenvolver uma vacina até o final desse ano. Isso seria um recorde na história da ciência, pois, como se sabe, são necessários anos de pesquisas e testes até que se encontre uma vacina que realmente funcione. Porém, considerando a urgência da pandemia, vacinas experimentais consideradas seguras e eficazes poderão ser lançadas em prazos recordes.
Mas isso traz à tona outra questão: quando ela for descoberta, quem terá acesso à vacina contra coronavírus? Essa é uma preocupação real, haja visto que já vivenciamos desigualdades gigantescas no acesso à saúde. Um exemplo próximo são os testes para Covid-19, que são raros e caros. Um teste rápido pode custar mais de R$ 200.
Por isso, a OMS lançou uma aliança global de colaboração científica com o objetivo de apressar a pesquisa de vacinas, tratamentos e testes de diagnóstico para a Covid-19. A ideia básica é acelerar o acesso às ferramentas contra a doença, permitir a distribuição igualitária de vacinas, tratamentos e testes de diagnóstico, para que todas as pessoas tenham acesso essas ferramentas, evitando a especulação.
Vacina para todos
Quase todo mundo vai precisar da vacina para se manter saudável e se proteger de outra pandemia de Covid-19. O grande desafio é assegurar que todas as pessoas no mundo tenham acesso à vacina o mais rápido possível.
Não é justo que os mais ricos possam comprar essa proteção enquanto o resto do mundo – principalmente mulheres, meninas e os mais pobres – sejam empurrados para o fim da fila. Você sabia, por exemplo, que vacinar os mais pobres contra a Covid-19 pode custar menos que 4 meses de lucros das grandes empresas farmacêuticas?
Por isso, a Oxfam lançou uma petição para pressionar governos de modo que garantam que, quando descoberta, a vacina seja acessível para todos.