Como garantir os direitos das juventudes brasileiras, especialmente dos jovens negros e de periferia, em um cenário político como o atual? Quais políticas públicas foram importantes para os jovens nos últimos anos e quais ainda são relevantes? Quais ameaças pairam sobre essas políticas? Essas e outras questões foram debatidas no sábado (15/6) por dezenas de jovens durante o seminário Direitos das Juventudes: onde estamos e por onde caminhar, que a Oxfam Brasil promoveu no Rio de Janeiro em parceria com organizações parceiras (Ibase, Inesc, Criola, Fase, Ação Educativa e Instituto Pólis) como parte do Encontro Nacional do projeto Juventudes nas Cidades da Oxfam Brasil.
Patrícia Lanes, professora da UFRJ, abriu o seminário fazendo um balanço sobre as políticas públicas voltadas para a juventude que foram criadas no país. O poder público, afirmou, deu algumas respostas nos últimos anos, especialmente para jovens negros e de periferia, com programas de cotas e com a interiorização das universidades. No entanto, a violência contra a juventude negra aumentou significativamente no mesmo período, ressaltou. Para Lanes, os direitos dos jovens e o extermínio da juventude negra precisam estar sempre na agenda dos debates, especialmente naqueles que são promovidos pela sociedade civil.
“A gente como juventude, que ocupa um quarto da população, precisamos estar ligados na conjuntura. Nós somos a próxima geração, mas também somos quem está vivendo isso agora. Precisamos nos organizar e ocupar espaços” comentou Daniel Fernandes, do Distrito Federal. Para Pedro Henrique Santos, de Recife (PE), “o padrão dos espaços de poder ainda é do homem branco, hétero, rico e a juventude vem buscando uma mudança”.
“É importante trazer essa perspectiva de outros jovens em outras regiões” comentou Carlos Eduardo Cunha, de São Paulo. “Precisamos pensar em como a gente consegue na prática, nas nossas micro relações, fortalecer as nossas redes, seja na favela, seja no movimento estudantil, para que a gente possa se fortalecer para enfrentar as violências” complementou Jhenifer Ferreira, do Rio de Janeiro.
A jornalista Thaís Zimbwe, militante pelos direitos humanos e de combate ao racismo, fez um histórico da construção da mobilização dos espaços da juventude negra no Rio de Janeiro e no Brasil. “O processo de construção de políticas para a juventude no Brasil não ficou guetificado, não ficou só no movimento negro; todos os movimentos passaram a enxergar as nossas pautas com outra perspectiva. Se hoje falamos mais de diversidade isso também é resultado desse processo”, comentou Thaís.
Para Tauá Pires, coordenadora de programas da Oxfam Brasil, o seminário “representa a possibilidade de potencializar formas individuais e coletivas de enfrentar a desigualdade. Especialmente de conectar jovens que mesmo sendo de diferentes territórios e tendo diferentes trajetórias, possuem em comum a origem periférica e a capacidade de seguir criando alternativas em busca de uma vida mais digna”.
Confira como foi o seminário: