Foto: Agência Brasil
O ano de 2020 vai ficar marcado para sempre como a época em que uma das mais graves crises sanitárias de todos os tempos — a pandemia de coronavírus — escancarou as desigualdades globais, impactando duramente as economias de todos os países.
Os maiores prejudicados, como sempre, foram as pessoas em situação de maior vulnerabilidade, sendo cada vez mais empurradas para a fome e miséria, muitas vezes sem poder contar com qualquer tipo de apoio ou assistência.
Um ano tão difícil como 2020 exigiu trabalho redobrado nosso. E com o seu apoio, conseguimos ter uma atuação importante para oferecer alternativas e propor soluções.
Nossos relatórios e ações ao longo do ano foram importantes para influenciar o debate público sobre a importância de se reduzir as desigualdades brasileiras e dar apoio firme às pessoas em situação de maior vulnerabilidade.
Confira nosso balanço do ano:
Relatórios dimensionam o impacto da pandemia sobre os mais pobres
Para nós que atuamos com o enfrentamento das desigualdades, a chegada da pandemia de covid-19 foi um baque e tanto. O coronavírus atingiu mais pesadamente quem já sofria para sobreviver com alguma dignidade, enquanto os mais ricos e privilegiados chegaram até a lucrar com a crise.
Isso ficou bem evidente nos relatórios e análises que produzimos ao longo do ano. Como por exemplo o relatório Poder, Lucros e Pandemia, que revelou como os bilionários do mundo conseguiram fazer suas fortunas crescerem em meio à catástrofe, enquanto a imensa maioria perdia emprego, renda e dignidade.
O relatório, lançado em setembro, também traz estratégias necessárias e urgentes para que possamos atravessar esse momento de crise e dar os primeiros passos em direção à uma sociedade com mais justiça e menos desigualdades.
Dois meses antes, lançamos outro relatório, Quem Paga a Conta, com a mesma análise, mas mais focada na América Latina e Caribe. Na região, também os muito ricos lucraram bastante com a pandemia, enquanto milhões sofriam com o desemprego e perda de renda.
Entre as propostas oferecidas por nosso relatório estava a cobrança de maiores tributos sobre os mais ricos. Afinal, nada mais natural que fazer com que quem ganha mais pague mais para financiar a necessária proteção de quem pouco ou nada tem.
O Vírus da Fome e Vacina para Todos
Uma das grandes ameaças de 2020 foi a volta da fome. Com a pandemia exigindo medidas de isolamento social e destruindo empregos, milhões de pessoas foram empurradas para a fome ao longo do ano, deixando o mundo à beira de uma tragédia de proporções inéditas.
Demos o alerta geral com o relatório O Vírus da Fome, que mostrou como a pandemia poderia matar mais pessoas de fome do que de covid-19. E revelou, ainda, como as maiores empresas do mundo preferiram manter o pagamento de dividendos sobre lucros a seus acionistas do que investir em manutenção de emprego e renda de seus trabalhadores, o que poderia aliviar um pouco o impacto da pandemia sobre as pessoas.
Nesse meio tempo, muito se falou durante o ano sobre o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, que poderia proteger as pessoas e impedir um aprofundamento da crise econômica provocada pela pandemia — já que com a imunização da população seria possível retomar as atividades econômicas que geram emprego e renda.
Pois a vacina está chegando, mas não para todas e todos. Fizemos um levantamento com os fabricantes das oito principais vacinas em desenvolvimento e constatamos que os países ricos compraram já mais da metade das doses em produção, deixando as populações dos países mais pobres para o final da fila.
Por isso, apoiamos a iniciativa do Consórcio Covax, da Organização Mundial de Saúde (OMS), que prevê a produção e distribuição de bilhões de doses da vacina para o mundo todo. Mas é preciso também que a indústria farmacêutica abra mão da propriedade intelectual e patentes das vacinas, permitindo que elas sejam produzidas em diferentes partes do planeta, a um preço justo.
Queremos vacinas para todas e todos — e você pode ajudar a transformar isso em realidade. Assine a nossa petição!
Emergência Covid-19 no Brasil
Enquanto a vacina não chega e a economia não retoma seu ritmo, milhões de pessoas correm o risco de serem empurradas para a miséria e a fome em todo o mundo. No Brasil não é diferente e, por isso, a Oxfam Brasil deu início em 2020 a uma ação humanitária para levar ajuda a jovens e suas famílias em periferias de quatro grandes cidades do país — Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
A Oxfam Brasil tem como missão enfrentar a pobreza e as desigualdades, em todas as dimensões, e num cenário em que a situação de muitos brasileiros tende a se agravar, não poderíamos ficar alheios a essa demanda. Nossa ajuda será oferecida durante quatro meses, para permitir que essas famílias possam se manter nesse período.
Assim como quase todo mundo, a Oxfam Brasil também adotou o necessário distanciamento social como forma de proteger seus colaboradores do coronavírus. Sendo assim, foi necessário o uso cada vez mais intenso de ferramentas digitais para continuar o trabalho de discussão sobre as desigualdades brasileiras. Sem poder fazer reuniões, debates ou seminários presenciais, a saída foi promover lives pelos canais digitais da organização.
Mulheres e desigualdades em tempos de covid-19, comunidades quilombolas, racismo e coronavírus, pandemia e fome foram alguns dos temas abordados nas transmissões online que fizemos em nosso canal no Youtube e perfil do Instagram para discutir os impactos da pandemia na sociedade brasileira. Para essas lives, convidamos especialistas das mais variadas áreas de atuação, que enriqueceram a conversa e contribuíram para o debate público.
Juventudes e representatividade política
Também participamos de ações com jovens e coletivos de periferias e favelas das cidades brasileiras por maior inclusão econômica e na luta por direitos das juventudes, bem como atuamos com organizações parceiras para fortalecer a representatividade feminina e negra nos espaços políticos, apoiando iniciativas e debates públicos nesse sentido.
Todo esse nosso trabalho ao longo de 2020 reflete a nossa missão, visão e valores de buscar caminhos para o enfrentamento das desigualdades brasileiras, sempre em parceira com outras organizações e pessoas como você, que nos apoia replicando conteúdos nos canais digitais, fazendo doações e levando a mensagem para outras pessoas.
A grave crise sanitária que enfrentamos fez da união dos que acreditam em uma sociedade com menos desigualdades uma movimentação muito necessária, daquelas que precisam acontecer “para ontem”. Para que o mundo com o qual sonhamos se torne uma realidade, é preciso que ele comece a ser construído hoje. Vamos juntos?