Foto: Tatiana Cardeal/Oxfam Brasil
Dia 28 de Julho é o Dia do Agricultor, que marca a importância da agricultura para o país. A data foi instituída em 1960 para comemorar os 100 anos do Ministério da Agricultura, criado pelo imperador Dom Pedro II em 1860 como Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
Mas a data nos lembra principalmente da importância da agricultura em nossas vidas. Da produção dos alimentos que estão todos os dias em nossas mesas ao papel fundamental para a economia do país, o setor é mantido pelos trabalhadores rurais que dedicam técnica, conhecimento e esforço nessa função tão necessária.
Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), bens e serviços gerados pelo agronegócio contribuíram com 21,4% do PIB brasileiro em 2019. Além disso, o setor gera um a cada quatro postos de trabalho no país, como mostra a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
Assim, surge a questão: como um setor tão rico não consegue garantir condições mínimas para seus trabalhadores?
Condição dos trabalhadores rurais no Brasil
Homens e mulheres que trabalham no campo sofrem com condições degradantes e injustiças, muitas vezes em condições análogas ao trabalho escravo. Muitos não conseguem dar uma vida de qualidade para sua família e, muitas vezes, não têm nem o que comer.
O setor de frutas é emblemático. Como mostra o relatório Frutas Doces, Vidas Amargas da Oxfam Brasil, as pessoas que plantam e colhem as frutas que compramos nos supermercados estão entre os 20% mais pobres do país.
Metade das mulheres e homens que atuam nas cadeias do melão, uva e manga no Vale do São Francisco e Rio Grande do Norte trabalham apenas durante alguns meses no ano. Com isso, mal conseguem a renda necessária para ter uma vida digna.
Pandemia de coronavírus pirou a situação
Você já parou para pensar na importância da agricultura em tempos de coronavírus? Se com as necessárias medidas de isolamento social, as gondolas dos supermercados seguem abastecidas, é porque milhares de trabalhadores rurais seguem no campo.
Assim, se antes da pandemia já não havia condições mínimas de trabalho, com o coronavírus eles estão ainda mais expostos ao risco. Em muitos casos, não há maneiras de manter a distância necessária entre os trabalhadores, nem estruturas adequadas como vestiários para troca de roupas e pias para higienização das mãos.
Há ainda uma grande parcela que perdeu o trabalho devido a interrupção ou diminuição da produção de muitas cadeias de alimentos por conta das medidas introduzidas globalmente para conter o coronavírus.
A valorização da agricultura familiar
Diferente do que pode se pensar, a maior parte dos alimentos que consumimos vem da agricultura familiar. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 70% do que chega às nossas mesas veio da agricultura familiar.
Esse segmento tem tido papel ainda mais importante na pandemia, quando as pessoas estão comendo mais em casa. Assim, tem crescido também a preocupação com a origem dos alimentos e as medidas de higiene empregadas na distribuição e venda. Dessa forma, a agricultura familiar tem ganhado destaque.
Esse tem sido um período de reflexão para boa parte dos consumidores sobre o que se come. Até que ponto é necessário comprar alimentos ultra processados em mercados ou frutas que vêm de outras regiões e levam alta dosagem de agrotóxicos?
O que a Oxfam Brasil está fazendo?
É preciso se solidarizar cada vez mais com os trabalhadores rurais. E nessa relação que envolve trabalhadores, grandes distribuidores e supermercados, quem detém mais poder precisa fazer mais.
Os supermercados devem reforçar as preocupações com as condições de vida, saúde, higiene e trabalho dos trabalhadores rurais com os grandes produtores.
Por isso, a Oxfam Brasil está com uma petição online pedindo aos supermercados que pressionem seus fornecedores para garantirem vida digna aos trabalhadores rurais e reconhecerem a importância da agricultura.