Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
No início da pandemia da covid-19, a produção de uma vacina eficaz mostrava-se como o maior desafio para a contenção da doença. Quase um ano após a oficialização da pandemia, o principal desafio é: como garantir que países pobres tenham acesso à vacina?
No Brasil, a vacinação já começou e a nossa reserva de futuras doses parece suficiente, porém, o ritmo de imunização está lento e a dificuldade de acesso aos insumos necessários gera preocupação. Continue a leitura e saiba mais!
Dificuldade para criar e para distribuir
No início de 2020, o Coronavírus parecia um problema distante do Brasil, uma crise chinesa e de alguns países europeus. Poucos meses depois, os primeiros casos brasileiros foram identificados e o alastramento da doença aconteceu de maneira rápida e letal, como previsto por especialistas.
Algum tempo depois, em junho de 2020, quando a crise sanitária já tinha sido declarada oficialmente uma pandemia, a vacina já se apresentava como a única alternativa viável para a contenção da doença. À época, além da corrida que pesquisadores travavam contra a doença, ao redor do mundo, uma questão já se destacava e preocupava todos os que acreditam em uma sociedade menos desigual: vacina para quem?
As desigualdades espalhadas pelo mundo já nos faziam antever que, assim como aconteceu com os testes para a doença, os países mais pobres ficariam para trás e demorariam muito mais tempo para conseguir a imunização da sua população.
Como uma maneira de enfrentar esse cenário, a OMS lançou o Consórcio Covax, que tem o objetivo de ampliar a vacinação em todo o mundo, garantindo a segurança da população global. Uma das frentes da iniciativa é conscientizar a população e as nações de que as empresas farmacêuticas que estão produzindo a vacina contra a covid-19 têm que compartilhar suas tecnologias e abrir mão da propriedade intelectual.
Em setembro de 2020, em velocidade assustadora, depois das primeiras versões da vacina terem sido criadas, os países mais ricos do mundo, que juntos correspondem a apenas 14% da população mundial, já tinham comprado 53% das doses que ainda estavam em produção. Apesar dos esforços da OMS, as patentes ainda não foram quebradas.
A dificuldade de acesso à vacina no Brasil
Aqui no Brasil, a vacinação começou no dia 17 de janeiro de 2021, logo após a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso das duas primeiras vacinas contra o coronavírus disponíveis no país: a da Sinovac, feita pelo Instituto Butantan em parceria com a China, e a da Oxford-AstraZeneca, que teve o pedido de uso emergencial executado pela Fiocruz.
Mônica Calazans, enfermeira paulista que há 8 meses trabalhava na linha de frente do enfrentamento da doença, foi a primeira pessoa do país a ser vacinada. Um levantamento da CNN apurou que, até o dia 24 de janeiro, mais de 618 mil pessoas já tinham sido imunizadas.
Apesar da esperança trazida pela movimentação, o número ainda é pequeno, se comparado com países muito menores que começaram suas campanhas de imunização antes de nós, como é o caso de Israel, que já tinha vacinado quase metade da sua população, no final do mês passado.
Logo após Israel, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, EUA, Espanha, Itália, Alemanha, França, Turquia e China destacam-se como os países mais ágeis no quesito vacinação.
Apesar da compra de doses para o futuro, no Brasil, as vacinas disponibilizadas atualmente são insuficientes até mesmo para a primeira fase da imunização. Dificuldades para acessar insumos são o que impedem a produção de mais doses. É preciso ponderar que, no caso brasileiro, a gestão irresponsável do governo federal só contribui para essa realidade assustadora e revoltante.
Uma verdadeira corrida entre nações
Países desenvolvidos disputam uma corrida para comprar doses e mais doses de vacinas produzidas por diferentes laboratórios. O maior exemplo de todos são os EUA, o epicentro da doença no mundo, com mais de 17,8 milhões de infectados e uma população de 328,2 milhões de habitantes, que já reservou 2,6 bilhão de doses, o suficiente para vacinar toda a população americana 7,9 vezes.
A União Europeia não fica atrás, tento garantido doses suficientes para vacinar sua população mais de duas vezes, segundo análise realizada pela Revista Exame. Quando olhamos para países menos desenvolvidos, ou intermediários, a Índia é quem ocupa a melhor posição, em relação à imunização da sua população.
O país asiático já garantiu 200 milhões de doses de vacinas, sendo 100 milhões do Instituto Gamaleya, na Rússia, e outras 100 milhões do próprio Serum Institute of India, instituto que tem contratos para a produção em larga de escala das vacinas da AstraZeneca e da Novavax e faz da Índia o país com a capacidade de produzir a maior quantidade de doses de vacinas contra a covid-19.
Em relação às doses reservadas, o Brasil, mesmo que na teoria, tem o suficiente para vacinar seus 209,5 milhões de habitantes. Apesar das 266 milhões de doses garantidas até o momento, é preciso ponderar que, como mencionada há pouco, ainda não temos total acesso aos insumos necessários para garantir que todas elas sejam produzidas.
A Nova Zelândia destaca-se, entre os países desenvolvidos, como a nação mais solidária. O país assinou acordos com a universidade britânica de Oxford e a AstraZeneca e com a Novavax para trazer um pacote adicional de 18,3 milhões de doses. A quantidade é suficiente para aplicar as duas doses necessárias para imunizar cada um dos seus 5 milhões de habitantes. Antes desses acordos, outras 4,75 milhões de doses já tinham sido compradas. O objetivo é doar todas as doses que sobrarem para seus vizinhos menos afortunados. Atitude inédita entre seus pares abastados.
É possível mudar esse cenário e você pode contribuir
Assine a nossa petição Vacina Para Todos e nos ajude a evitar que as pessoas que vivem nos países mais pobres, que já são as mais afetadas pelas consequências da pandemia, fiquem sem acesso à vacina.