Os olhos do mundo se voltam, este mês de novembro, para a 27ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, também conhecida como COP (Conferência das Partes). A COP 27 reúne lideranças de governos, cientistas, organizações da sociedade civil e movimentos socioambientais de diversas regiões do planeta para debaterem e proporem medidas que possam conter a crise climática e seus impactos, com ênfase na redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, em especial a redução da emissão de dióxido de carbono (CO2).
As COPs ocorrem desde 1995, sediadas em diferentes países – esse ano a COP 27 está sendo realizada em Sharm El Sheikh, Egito. O contexto do encontro deste ano é o de emergência climática.
De acordo com o Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, quase metade da população mundial, cerca de 3,6 bilhões de pessoas, já vivem em um contexto de alta vulnerabilidade às mudanças climáticas[1]. O relatório enfatiza que a vulnerabilidade às mudanças climáticas é mais grave pela desigualdade e marginalização de gênero, etnia, baixa renda, dos povos indígenas e comunidades locais.
Desafio mundial
Manter estável a temperatura do planeta é um desafio mundial e uma das preocupações da comunidade internacional presente na COP 27 é como frear o desmatamento na região amazônica, que inclui a maior floresta tropical e a maior bacia hidrográfica do planeta, tem um papel fundamental no equilíbrio do CO2 atmosférico e já perdeu 20% da sua cobertura florestal.
A participação do Brasil na COP 27 é essencial, já que a Amazônia Legal abrange quase 60% do território nacional (5.015. 067,75 km²). Mais essencial ainda é que estejam nas mesas de negociações da COP representantes dos povos indígenas, quilombolas e das diversas comunidades tradicionais agro-extrativistas que vivem na Amazônia e são as responsáveis por manter a floresta em pé – além de sofrerem diretamente os impactos.
O debate e as decisões sobre a contenção das mudanças climáticas e do aquecimento do planeta devem ser pautados pelo viés da justiça social, de gênero e de raça, e do combate à pobreza e ao racismo ambiental, bem como a responsabilização diferenciada para os países mais ricos, empresas privadas e bilionários responsáveis por grande parte da emissão de gases de efeito estufa. De acordo com relatório recém divulgado pela Oxfam, que analisou os investimentos de 125 dos bilionários mais ricos do mundo, um bilionário emite um milhão de vezes mais gases de efeito estufa do que uma pessoa comum.
Em um contexto de emergência climática, a COP 27 é o momento certo para que as lideranças mundiais passem dos compromissos para ações efetivas de manutenção do equilíbrio climático.