A elite econômica brasileira deveria ficar constrangida com as profundas desigualdades sociais brasileiras e agir imediatamente para construir um futuro melhor para o país, argumenta Oded Grajew, conselheiro da Oxfam Brasil, idealizador do Fórum Social Mundial e presidente emérito do Instituto Ethos, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo.
“Vossa responsabilidade é proporcional ao vosso poder. Mesmo que tardiamente, é hora de agir para construir um futuro melhor e mais honroso para o nosso país”, afirma Oded no texto, lembrando alguns indicadores sociais brasileiros que coloca o país entre os mais desiguais do mundo – 52 milhões de brasileiros vivendo na pobreza (ganhando até R$ 436 mensais), 13 milhões na extrema pobreza (renda de até R$ 151 mensais), metade dos brasileiros até 25 anos ou mais sem concluir a educação básica e 100 milhões sem acesso a sistemas de esgoto sanitário, entre outros indicadores.
Oded lembra ainda que vários integrantes da elite econômica brasileira assistiram “calados” aos desmandos do atual presidente da República nos dois primeiros anos de seu governo, “que nos conduziram à maior calamidade sanitária do mundo e de nossa história”.
Vocês deveriam usar vosso poder para que sejam implementadas legislações e políticas que reduzam as desigualdades. Por exemplo, poderiam aproveitar a reforma tributária para termos uma renda mínima universal, financiada por um sistema tributário progressivo. No Brasil, pobres pagam proporcionalmente mais impostos que ricos, que vocês!
Oded Grajew, do Conselho Deliberativo da Oxfam Brasil e presidente emérito do Instituto Ethos.
Países mais desenvolvidos, afirma Oded, chegaram há tempos à conclusão que, para o coletivo dar certo, é fundamental ter uma relação mais harmoniosa entre os cidadãos de um país. “E o que causa a desarmonia, os conflitos, é a injustiça, a desigualdade.”
Leia aqui a íntegra do artigo de Oded Grajew na Folha de S. Paulo.