Em ampla reportagem publicada na segunda-feira, dia 13/4, o jornal Folha de S. Paulo entrevistou diversos especialistas para comentar a herança amarga que a crise do coronavírus deixará no Brasil para os próximos anos. Problemas econômicos, sociais e até políticos foram os principais apontados pelos entrevistados, entre eles Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
A avaliação geral é de que as medidas tomadas pelo governo brasileiro até o momento são importantes, mas não suficientes para evitar quebra de empresas, aumento do desemprego e reativar a economia depois da pandemia.
Desigualdade brasileira aumenta impacto da crise
Para Katia Maia, não tem como os países saírem dessa crise provocada pelo coronavírus da mesma forma que entraram.
“Temos problemas profundos que vão fazer com que a nossa crise seja de impacto grande, econômico e social. Nossa concentração de renda vai ficar ainda mais gritante. O enfrentamento do vírus pressupõe home office, não usar transporte público, estar sempre se higienizando, manter distância, em um país que concentra milhares de pessoas em favelas e tem milhões de trabalhadores informais.”
Além disso, a população de renda mais baixa sairá da crise com menos recursos ainda, mais endividada e sem garantia de emprego e educação. Não teremos tudo de volta como antes, afirma Katia. Essa herança amarga do coronavírus precisa ser atacada pelo governo federal.
“Vai voltar em outros contexto econômico, social e político. Para a classe média, várias ferramentas podem funcionar, como aula digital no celular, no computador. Para quem está na periferia, não.”
Ajuste fiscal precisa ser revisto
Por isso as soluções não podem ser as mesmas para todo mundo, diz a diretora da Oxfam Brasil. “É preciso levar em conta um ponto de partida desigual.”
Além disso, medidas como a revisão do modelo de ajuste fiscal que reduziu políticas públicas sociais são fundamentais. O SUS, por exemplo, que corre o risco de colapsar com a atual crise, sofre com redução de recursos devido ao Teto de Gastos.
Leia aqui a íntegra da reportagem da Folha.