Foto: Rovena Rosa /Agência Brasil
Quando falamos em racismo ambiental, estamos questionando como e por que algumas populações sofrem mais as consequências das mudanças climáticas do que outras. Estamos afirmando que as desigualdades socioeconômicas são acentuadas com a crise climática e que são as populações periféricas e de baixa renda, em sua maioria negras, que enfrentam as piores consequências dos eventos climáticos extremos, como chuvas excessivas ou secas severas.
As chuvas estão ficando cada vez mais fortes e intensas, provocando tragédias como a que ocorreu durante o fim de semana do carnaval no litoral norte de São Paulo – principalmente em São Sebastião. Mais de 60 pessoas morreram e centenas perderam suas casas. Além disso, estradas e equipamentos públicos foram destruídos. Em anos anteriores, esses eventos climáticos extremos também ocorreram em outras cidades brasileiras, como Recife, Petrópolis e Angra dos Reis, entre outras.
O Brasil precisa avançar urgentemente na construção e implementação de políticas públicas sociais e de infraestrutura que considerem as mudanças climáticas e o racismo ambiental – que é aquele que ocorre quando, por ação ou omissão, o poder público, instituições ou empresas negligenciam as condições de risco de vida das populações de baixa renda, em sua maioria negras, que se encontram em áreas de risco de desastres ambientais. Políticas como as de ordenamento territorial, regularização fundiária, construção de moradias dignas e prevenção de desastres ambientais têm que priorizar as comunidades mais vulneráveis.
“Não se pode discutir eventos climáticos extremos sem discutir o racismo ambiental (…) a desigualdade social tem que ser combatida, senão nós vamos continuar morrendo nos nossos territórios”, afirmou Célia Pinto, liderança quilombola do Maranhão e integrante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), durante a Conferência da ONU sobre o Clima (COP 27) realizada em novembro de 2022 no Egito.
A Oxfam Brasil se solidariza com todas as vítimas da tragédia ocorrida no litoral norte de São Paulo e reafirmamos nosso compromisso de lutar contra a desigualdade social e combater o racismo ambiental para promover a justiça climática para todas e todos.