Abordamos em outra postagem como é importante que grandes empresas das cadeias produtivas de alimentos e bebidas tenham uma maior transparência a respeito dos seus fornecedores. A partir dessa transparência, é poss´´ível identificar os caminhos que os alimentos percorrem desde o início. Essa p´rática já adotada por muitas empresas em diversos países, mostrando que é possível avançar no Brasil também.
Uma grande empresa do setor de alimentos e bebidas que avançou bastante na transparência e divulgação de seus fornecedores é a Nestlé. Em seu site global, a empresa divulga seus fornecedores das cadeias. O nível de divulgação da informação varia de produto a produto, mas a empresa vem avançando consistentemente desde 2019. Com isso, a Nestlé facilita a identificação dos fornecedores, promove o uso de canais de denúncia e nos ajuda a saber se o alimento que estamos comprando é livre de trabalho escravo ou desmatamento, por exemplo.
Empresas têm avançado
Outras empresas também têm avançado em transparência. O nível de informação disponível varia de uma para outra, todas mostram a tendência de aumento da prática de divulgação de fornecedores: a Unilever (com destaque para os fornecedores de óleo de palma, chá e soja), Wilmar (óleo de palma e açúcar), Mars (cacau e óleo de palma), PepsiCo (óleo de palma e fibra), Coca-Cola (açúcar) e outras.
Para além dessas empresas, supermercados ao redor do mundo também vêm adotando a política de divulgação de fornecedores. Um exemplo é o supermercado holandês Albert Heijn que se comprometeu em divulgar seus fornecedores diretos após pressão da campanha da Oxfam Por Trás do Preço e de consumidores.
Outro supermercado que adotou a divulgação dos fornecedores em resposta à nossa campanha foi o Jumbo – empresa holandesa que está presente na Bélgica também. Eles estão divulgando seus fornecedores por meio de um mapa interativo, que indica as cadeias de fornecimento consideradas críticas para direitos humanos. Outro exemplo é o supermercado inglês Sainsbury’s, que passou a divulgar uma lista global de fornecedores diretos. O Tesco, também de origem inglesa e um dos maiores do mundo, divulga fornecedores de vestuário e frutos do mar. O Lidl que atua na Europa divulga fornecedores diretos de vestuário, frutas e vegetais e ferramentas.
Pressão aumenta sobre supermercados brasileiros
No Brasil, estamos desde 2019 pressionando os grandes supermercados do país a tomarem medidas efetivas para garantir os direitos humanos de quem planta e colhe nossos alimentos. Com evidências, apontamos que as cadeias de fornecimento de frutas e do café traziam riscos importantes aos direitos humanos dos trabalhadores rurais.
Em 2021, o Pão de Açúcar – um dos maiores supermercados brasileiros – publicou uma política de Cadeia de Valor e Direitos Humanos. Já o Carrefour se comprometeu a divulgar a lista de seus fornecedores direitos de frutas até 2022, e os indiretos até 2025. O grupo Big, que foi comprado pelo Carrefour, não fez nenhum compromisso ou mudança em resposta a campanha Por Trás do Preço que já mobilizou quase 120 mil pessoas.
Nossos esforços se mantêm para que os três maiores supermercados do Brasil – Carrefour, Pão de Açúcar e Big – avancem mais em compromissos e políticas com relação ao respeito aos direitos humanos em suas cadeias de fornecimento, e que isso inclua a maior transparência e divulgação e fornecedores.
Juntos podemos mudar os maiores supermercados brasileiros para que avancem muito mais para garantir que a comida que compramos esteja livre de sofrimento.