Organizada pela Coalizão Negra Por Direitos, a campanha Tem Gente Com Fome nasceu de um momento crítico para milhões de brasileiras e brasileiros: a pandemia da Covid-19. Não é novidade que a crise sanitária trouxe a fome de volta para a vida de uma parcela da população, porém, diante da falta de auxílio do Estado, a sociedade civil precisou criar uma estratégia para aplacar o sofrimento de quem não tem o que comer.
A fome no Brasil e a pandemia da Covid-19
Desde 2014 o Brasil não fazia mais parte do Mapa da Fome, da ONU, porém, a pandemia chegou e a vida de milhões de pessoas que tinham pouco tornou-se mais dura. Gente que dependia de empregos informais viu-se totalmente sem renda e passou a contar apenas com o Auxílio Emergencial fornecido pelo Governo Federal, que nunca foi suficiente.
Estima-se que hoje, no Brasil, mais de 30 milhões de pessoas passam fome. Como disse Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, em participação no programa Opinião, da Tv Cultura:
A Coalizão Negra Por Direitos e sua capilaridade
A Coalizão Negra Por Direitos reúne organizações, entidades, grupos e coletivos do movimento negro brasileiro, espalhados por todo o país, para a busca de um Brasil menos desigual, do ponto de vista racial. As batalhas da Coalizão são várias, indo desde à alimentação de pessoas em situação de vulnerabilidade, até articulações políticas capazes de transformar a vida de muita gente.
Após um levantamento feito pelas organizações que fazem parte da coalização, que serão também as responsáveis pela distribuição dos alimentos, identificou-se 222.895 famílias brasileiras que vivem em situação de vulnerabilidade econômica e, consequentemente, estão passando fome. A partir desse momento, a meta da campanha estava traçada: levar alimento para todas essas pessoas.
Um esforço coletivo
Uma campanha nacional foi desenhada e diversas instituições foram convidadas a participar. São elas: Anistia Internacional, Oxfam Brasil, Redes da Maré, Ação Brasileira de Combate às Desigualdades, 342 Artes, Nossas – Rede de Ativismo, Instituto Ethos, Orgânico Solidário e Grupo Prerrô.
Cada um dos parceiros contribui de maneira diferente: há os que focam na logística necessária para fazer as doações chegarem até as pessoas e há quem se dedique à divulgação dos materiais de comunicação. Também se juntaram à iniciativa acadêmicos e artistas do campo progressista, que declararam publicamente seu apoio e pediram doações ao seu público.
Nomes como Djamila Ribeiro, Cida Bento, Sueli Carneiro, Lázaro Ramos, Camila Pitanga, Emicida e Zezé Mota são alguns dos muitos que seguem aderindo e contribuindo para a causa. Das redes sociais, os conteúdos da campanha migraram para os veículos de comunicação, com entradas em televisão e menções em sites e jornais de grande circulação.
A internet é a maior aliada de todas
Desde o início da pandemia discutiu-se sobre o verdadeiro valor da internet e como o seu acesso está ligado à cidadania. O principal motivador da discussão foi o cadastro para receber o auxílio emergencial, que só poderia ser feito online.
Hoje, todas as doações para a campanha Tem Gente Com Fome são feitas pelo site. São aceitas doações por cartões de débito e de crédito, além de depósitos por meio do PayPal e Pix.
Além disso, apesar da abertura dos meios de comunicação tradicionais, é por intermédio das redes sociais que a maior parte da movimentação acontece. Sem a agilidade que esse universo nos oferece, seria impossível tentar movimentar tanto em tão pouco tempo.
Um alento para quem acredita na igualdade
A campanha Tem Gente com Fome pode e deve servir de alento para quem acredita em um Brasil com mais justiça e menos desigualdades. A iniciativa partiu de uma coalizão formada por diferentes coletivos, grupos e ONGs do movimento negro brasileiro, recebeu apoio imediato da classe artística e de acadêmicos formadores de opinião e, também desde o início, vem sendo mencionada por grandes veículos de comunicação tradicional.
Os mais de R$ 5 milhões que já foram arrecadados (abril de 2021) são a prova de que, apesar de todos os horrores que assistimos acontecer no país, a solidariedade ainda existe e, mais importante do que isso, o enfrentamento desse cenário acontece com estratégia e agilidade.
Você também pode contribuir para o sucesso dessa iniciativa.
Doe e nos ajude a levar comida para quem tem fome.