Conte um pouco sobre sua história.
Eu sou nascida e criada em Campo Grande, que é o bairro mais populoso da América Latina. Sou de uma parte mais interiorana do bairro, de uma família bem pobre e desde criança enfrentei muitas dificuldades. O desenho foi a forma que encontrei de lidar com minha realidade e me expressar, faço isso desde os quatro anos de idade, hoje sou formada em design e ilustração.
Como você vê as desigualdades brasileiras?
Pude ver as desigualdades bem de perto, já que faço parte de minorias. Ser uma mulherpreta e bissexual é algo muito difícil. As desigualdades que vemos em nosso país são incentivadas e financiadas por aqueles que se encontram no poder do Estado. Carecemos de medidas mais efetivas e ações afirmativas que façam a diferença para todas minorias.
Fale um pouco sobre o seu desenho no projeto.
A minha ilustração retrata algo que minha mãe viveu, assim como a mãe dela, e assimcomo diversas pessoas do meu bairro. Cerca de 16% da população brasileira não tem acesso à rede geral de abastecimento de água. Na minha ilustração quis representar a luta diária dessas pessoas, focando na mulher negra (que está sempre mais vulnerável a todo tipo de violência e descaso).