Os grandes supermercados do mundo estão lucrando bilhões ano após ano a um custo muito alto: péssimas condições de trabalho, pobreza e sofrimento para milhões de homens e mulheres trabalhadoras e agricultores em diversas partes do planeta. A situação é tão desesperadora que muitos dos que produzem nossos alimentos mal têm o que comer. Está mais do que na hora de mudar essa realidade.
Queremos que os supermercados europeus e americanos mudem seu modelo de negócio para priorizar uma maior transparência sobre a procedência dos alimentos e evitar que nossa comida seja produzida com sofrimento humano, pobreza, discriminação contra as mulheres, péssimas condições de trabalho e salários de fome. A mudança é mais do que bem-vinda, ela é possível e justa!
Fatos importantes do relatório
Os supermercados ficam com uma quantidade cada vez maior do dinheiro que seus consumidores gastam em suas lojas – em alguns casos, esse valor chega a 50%, enquanto a parcela que fica com trabalhadores e produtores rurais pode ser menos de 5%.
Um em cada quatro copos de suco de laranja consumidos no mundo vem do Brasil. O preço do produto brasileiro aumentou mais de 50% nos supermercados americanos e europeus desde a década de 1990. No entanto, o valor pago a pequenos produtores e trabalhadores rurais no Brasil chega a apenas 4% do valor de venda final.
Pequenos agricultores e trabalhadores rurais nas cadeias de fornecimento de 12 produtos básicos de supermercados sofrem para conseguirem sobreviver com a renda obtida. Para alguns produtos, como o chá indiano ou vagem queniana, a renda média é menos da metade do que seria considerado ideal para assegurar uma vida digna.
Seriam necessários mais de 4 mil anos para um trabalhador que atua no processamento de camarão na Indonésia ou Tailândia ganhar o mesmo que um típico executivo de um supermercado americano ganha em um ano.
Enquanto muitos trabalhadores rurais e pequenos agricultores vivem na pobreza, as oito maiores cadeias de supermercados de capital aberto geraram quase US$ 1 trilhão em vendas, US$ 22 bilhões em lucros e US$ 15 bilhões em dividendos a seus acionistas em 2016.
90% das mulheres que trabalham no cultivo de uva na África do Sul entrevistadas pela Oxfam afirmaram não terem tido o suficiente para comer no mês anterior.
Apenas 10% do que os três maiores supermercados dos Estados Unidos pagaram a seus acionistas em 2016 seria o suficiente para pagar um salário digno a 600 mil trabalhadores que atuam no processamento de camarão na Tailândia.
Uma pesquisa recente da Comissão Europeia sobre cadeias de alimentos apontou que 96% dos fornecedores sofreram com pelo menos uma forma de prática comercial injusta como, por exemplo, receber menos que os custos de produção, a cobrança de taxas por espaço nas prateleiras ou o atraso de pagamentos.