Conte um pouco sobre sua história.
Sou Douglas Lopes, nasci em Itu, no interior de SP e, aos 18 anos, mudei para Curitiba para cursar faculdade de Publicidade na UFPR. Comecei a desenhar ainda em Itu, sempre fui muito incentivado pela minha família, em especial meu pai e minha irmã que, apesar de mais velha, desenhava comigo. A diferença é que diferente das outras crianças, por muito privilégio e sorte, continuei desenhando na adolescência e vida adulta. O desenho sempre foi um jeito de eu lidar com a vida, os problemas, as ansiedades e felizmente hoje vivo disso, é uma realização sem igual e indescritível.
Como você vê as desigualdades brasileiras?
Na minha opinião, as desigualdades brasileiras estão enraizadas na fundação do país. Toda a história contada é perigosa e funciona muito bem, infelizmente, para naturalizarmos essas desigualdades. O rap teve um papel muito forte na minha vida desde a faculdade para entender de uma forma mais direta como as desigualdades afetam a mim e quem está ao meu redor.
Fale um pouco sobre o seu desenho no calendário Oxfam Brasil 2021.
A cena retrata algo que eu observo sempre que almoço em algum restaurante, padaria etc. Pra mim, são nesses momentos que a desigualdade, neste caso a falta de acesso à comida, nos confronta. Infelizmente muita gente é levada a enxergar essas crianças como “marginais” ou “vagabundas” pois essa é a narrativa vigente e imposta. Acredito que vale um outro olhar, mais sensível sobre essas pessoas, ninguém escolhe uma situação de sofrimento.