Com os efeitos sociais da pandemia no trabalho e renda, surge a pergunta: quais são as causas da desigualdade social de fato?
Entende-se a desigualdade social como a diferenciação de classes por questões de renda, cultura, política, espaço geográfico e demais atribuições que evidenciam o favorecimento de determinadas pessoas em detrimento de outras.
Neste artigo, você terá uma compreensão melhor a respeito do assunto, dentro da visão brasileira, e como isso afeta nossa população. Acompanhe a leitura e confira!
Qual é o contexto da desigualdade social no Brasil?
De acordo com dados informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o atual Índice de Gini do Brasil está em 0,543.
Esse coeficiente mede o nível de desigualdade dos países conforme a renda, a distribuição de riqueza e os níveis de educação de uma sociedade. Quanto mais próximo de zero estiver esse valor, melhor para aquele país, o que nos mostra que ainda há um longo caminho para o Brasil nessa questão.
A desigualdade social por aqui é um legado do período colonial, que se deve à influência ibérica, à escravidão e aos padrões de posses latifundiárias. Aspectos como racismo estrutural, discriminação de gênero, alta tributação de impostos e o desequilíbrio da estrutura social só agravam a desigualdade brasileira.
Quais são os principais tipos de desigualdade social?
Ao analisarmos essa questão, podemos diferenciar a desigualdade social em quatro grandes pontos: econômico, racial, regional e de gênero.
Na visão do filósofo político John Rawls, por exemplo, as desigualdades econômicas podem levar a injustiças que favorecem pessoas ou empresas que detém privilégios. Com isso, o desequilíbrio da renda gera a distinção de classes, que pode ser observada com clareza na distribuição de riqueza entre os diversos municípios da federação.
Dentro dessas disparidades, o tema racial é muito relevante, uma vez que as oportunidades não são igualitárias ou equitativas para brancos, negros e pardos. Além disso, o tratamento desnivelado entre homens, mulheres, pessoas trans e demais identidades de gênero também ocasiona a desigualdade social.
Quais são as principais causas da desigualdade social?
Assim como a biomedicina busca explicações e soluções para as doenças, devemos entender o conceito de desigualdade e encontrar as raízes do problema. Partindo dessa premissa, trouxemos abaixo as principais causas da desigualdade social, especialmente na perspectiva da realidade brasileira.
Má distribuição de renda
Levando em consideração que 10% dos brasileiros mais ricos abrangem 43% da renda no país, claramente há uma concentração de poder que agrava a desigualdade social.
Esse desnível faz com que a população mais pobre tenha condições precárias, sendo o dinheiro apenas fonte de sobrevivência.
Além disso, as diferenças salariais de acordo com determinadas profissões exercidas também impactam nesse processo, tendo em vista a percepção de valor por poder.
Acesso à educação deficitário
Quanto menor o nível educacional de um país, consequentemente, maior será a tendência de desigualdade social, que influencia na formação profissional das pessoas.
Com vagas que exigem competências cada vez mais específicas, fica difícil concorrer de forma justa tendo um histórico curricular deficitário e inferior ao dos concorrentes. A baixa qualidade do ensino, insuficiência de vagas nas escolas, má conservação do ambiente estudantil, pouco investimento, entre outros pontos são razões relevantes.
Administração ruim dos recursos públicos
Muito antes de presenciarmos o impacto da crise do coronavírus, a má gestão dos recursos públicos já era um fato bem recorrente da história brasileira.
Quando as decisões em relação à verba pública são equivocadas e incoerentes, a população sente o baque e os serviços básicos se tornam fracos diante da demanda. A existência da corrupção é um dos malefícios para a distribuição de recursos, porque o que seria direcionado à população carente acaba enriquecendo outras classes.
Investimentos governamentais insuficientes
Por conta de decisões como o novo piso orçamentário, percebemos que os investimentos governamentais são irrisórios no que tange às necessidades básicas.
A falta de recursos para a educação, saúde, áreas sociais, cultura e demais vertentes faz com que o problema da desigualdade aumente, prejudicando a massa trabalhadora. Independentemente de ideologias ou modelos econômicos, os governos devem ter um planejamento para garantir o que é direito da população pela lei.
Não garantia de serviços básicos
Sendo consequência dos demais fatores levantados, a não garantia de serviços básicos permite que os índices de desenvolvimento humano sejam os piores possíveis. É direito da população ter acesso à educação, alimentação, moradia, segurança, saúde e oportunidades de trabalho de qualidade, caso contrário, a disparidade será maior.
Nem todos têm condições ou privilégios para usufruir de serviços privados, portanto, uma sociedade justa deve priorizar o equilíbrio e estruturar os recursos públicos.
Como essa realidade afeta a população?
À medida que a desigualdade social se alastra, a população é afetada de diversas maneiras e isso pode diminuir a motivação das pessoas em lutar por mudanças. De forma resumida, essa realidade pode gerar níveis altos de desemprego, desnutrição, doenças, violência, miséria, marginalização, mortalidade etc.
Contudo, a redução das desigualdades contribui para a democracia brasileira, de modo que os recursos sejam mais bem alocados e a população tenha o respeito que merece.
Para concluirmos, vale enfatizar que o controle das causas da desigualdade social permite que haja gastos sociais transparentes, educação de qualidade, salários justos e combate à discriminação, seja racial ou de gênero.
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