Um ano e meio depois do início da pandemia, o número de pessoas que morrem de fome no mundo está ultrapassando o das vítimas da covid-19. Conflitos armados, a pandemia e a crise climática aprofundaram a pobreza e a insegurança alimentar em diversos países. É o que revela o nosso novo relatório O Vírus da Fome se Multiplica.
No ano passado, demos o alerta: a fome poderia ser ainda mais mortal do que a covid-19. Em 2021, mais de 20 milhões de pessoas foram empurradas a níveis extremos de insegurança alimentar, atingindo um total de 155 milhões de pessoas em 55 países. Desde o início da pandemia, em março de 2020, o número de pessoas que vivem em condições de fome estrutural aumentou cinco vezes, chegando a mais de 520 mil.
No Brasil, o percentual da população que vive na extrema pobreza quase triplicou desde o início da pandemia, passando de 4,5% para 12,8%. No final de 2020, mais da metade da população – 116 milhões de pessoas – enfrentava algum nível de insegurança alimentar, das quais quase 20 milhões passavam fome.
Mais de 20 milhões de pessoas foram empurradas a níveis extremos de insegurança alimentar em 2021.
Conflitos, a pandemia de covid-19 e a crise climática estão impulsionando a fome pelo mundo.
Total de pessas que vivem em condições de fome estrutural no mundo aumentou 5 vezes desde março de 2020.
Percentual da população brasileira vivendo na extrema pobreza aumentou de 4,5% para 12,8%.
Mulheres e meninas são especialmente afetadas pelo aumento da crise alimentar no mundo.
AÇÕES NECESSÁRIAS
Não haverá fim para a fome no mundo a menos que sejam tomadas medidas coletivas drásticas. Sete ações urgentes são necessárias para interromper a crise da fome e construir sistemas alimentares mais justos e sustentáveis, que funcionem para todas as pessoas:
1 – Dar assistência emergencial para salvar vidas agora.
2 – Assistência humanitária para quem precisa.
3 – Forjar uma paz includente e sustentável.
4 – Sistemas alimentares mais justos, resilientes e sustentáveis.
5 – Liderança das mulheres nas soluções para a covid-19.
6 – Apoiar uma Vacina para Todas e Todos.
7 – Tomar medidas urgentes contra a crise climática.
Para acabar com a fome, precisamos ter uma economia justa e sustentável, e acabar com as desigualdades
“Antes da guerra, eu tinha um negócio pequeno, que dava para viver com dignidade com a minha família, mas a guerra estourou em meu país e me tirou tudo. Com o aumento dos preços dos alimentos, e a perda do meu trabalho, eu não consigo arcar com o custo de vida. Em algumas noites, meus [cinco] filhos têm que ir para a cama com fome.”
Waffa, 38, mãe no norte da Síria