A insegurança alimentar é um dos problemas mais graves a afetar o cotidiano de milhões de brasileiras e brasileiros, e se agravou em 2022. Segundo dados do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil, apenas 4 entre 10 famílias conseguem acesso pleno à alimentação no país.
A fome já atinge 33,1 milhões de pessoas.
Os dados do relatório, elaborado pela rede Penssan com apoio da Oxfam Brasil e outras organizações, mostram que a situação piorou muito desde a publicação dos primeiros dados, em 2021.
As razões são conhecidas: aprofundamento da crise econômica, segundo ano da pandemia de covid-19 e a continuidade do desmonte de políticas públicas que promoviam a redução das desigualdades sociais da população.
Os dados da fome por raça e gênero
O Suplemento II – Insegurança Alimentar e Desigualdades de Raça/Cor da pele e Gênero, lançado em junho de 2023, analisa como as desigualdades relacionadas à raça/cor da pele e ao gênero se expressam no acesso aos alimentos e na condição de segurança e insegurança alimentar da população brasileira.
Os dados do Suplemento II revelam que uma em cada cinco famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pardas e pretas no Brasil sofre com a fome (20,6%) – o dobro em comparação aos lares chefiados por pessoas brancas (10,6%). A situação é ainda mais grave quando se leva em conta o gênero: 22% dos lares chefiados por mulheres autodeclaradas pardas e pretas sofrem com a fome, quase o dobro em relação a famílias comandadas por mulheres brancas (13,5%).
A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022.
A fome tem gênero, raça e grau de escolaridade
6 de cada 10 domicílios cujos responsáveis se identificavam como pretos ou pardos viviam em algum grau de insegurança alimentar, enquanto nos domicílios cujos responsáveis eram de raça/cor de pele branca autorreferida, mais de 50% tinham segurança alimentar garantida.
Os dados da fome por estado
O Suplemento I – Insegurança Alimentar nos Estados, lançado em setembro de 2022, detalha as condições e níveis da fome nas regiões e estados do Brasil.
As análises abrangem uma amostra de 12.745 domicílios localizados em 577 municípios de áreas urbanas e rurais, distribuídos nas cinco macrorregiões brasileiras e contemplando os 26 estados e o Distrito Federal.
A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022. Os resultados mostram desigualdades sociais e de acesso aos alimentos não apenas entre as macrorregiões, mas também entre os estados de uma mesma macrorregião.
A escalada da fome é de responsabilidade das más escolhas políticas de negação e da ausência de medidas efetivas de proteção social.
33,1 milhões de pessoas estão passando fome
O Norte e Nordeste são as regiões mais afetadas
A fome no Brasil retornou ao patamar dos anos 1990
Mulheres e pessoas negras são as que mais sofrem
A Fome não tem hora, mas tem lugar
A insegurança alimentar cresceu em todo o país, mas as desigualdades regionais seguem acentuadas. As regiões Nordeste e Norte são as mais afetadas pela fome.
Enquanto no Brasil temos 15,5% dos domicílios com pessoas passando fome, no Norte esse índice sobe para 25,7%, e no Nordeste, 21%.
Pesquisa é realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), com execução do Instituto Vox Populi, e tem apoio e parceria da Oxfam Brasil, Ação da Cidadania, ActionAid Brasil, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga e Sesc.
A fome tem pressa! Quem não tem o que comer precisa da sua ajuda. Você pode fazer a diferença!