O que a Oxfam faz no Território Palestino Ocupado e Israel (OPTI), na sigla em inglês)?
A rede Oxfam trabalha na região desde os anos 1950, com um escritório de país estabelecido nos anos 1980. Trabalhando com organizações parceiras israelenses e palestinas, a Oxfam tem como foco melhorar a vida dos palestinos mais pobres que moram na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo a parte oriental de Jerusalém.
A Oxfam trabalha com desenvolvimento agrícola, ações de emergência e saúde primária, educação, proteção a civis e os direitos das mulheres. Por exemplo, apoiamos cooperativas de produtoras de azeite para melhorar a qualidade do produto e alcançar mercados mais amplos. Também trabalhamos com organizações de direitos humanos para defender direitos civis e políticos e pelo fim de políticas que causam pobreza e injustiça.
Qual a posição da Oxfam sobre o conflito?
A rede Oxfam apoia o estabelecimento de um acordo justo e duradouro entre israelenses e palestinos que ponha fim à ocupação e promova a paz, a segurança e a prosperidade para israelenses e palestinos.
A Oxfam deseja uma solução negociada baseada na lei internacional e apoia a solução dos dois Estados indicada pela comunidade internacional. A Oxfam condena a violência contra civis de ambos os lados e acredita que tanto israelenses como palestinos merecem uma vida digna sem violência ou opressão.
Por que a Oxfam é contra os assentamentos?
Os assentamentos israelenses na Cisjordânia são reconhecidos pela comunidade internacional como uma violação da lei internacional e um obstáculo central à paz. No trabalho diário da equipe da Oxfam na região o impacto negativo dos assentamentos israelenses nas vidas e subsistência dos negócios palestinos é visível. Esses assentamentos são uma das principais causas da pobreza e da negação dos direitos palestinos que a Oxfam tenta evitar no seu trabalho conjunto com organizações locais. Os assentamentos continuam sendo expandidos por toda a Cisjordânia – nos últimos 20 anos, a população de colonos israelenses mais que dobrou, para mais de 500 mil pessoas.
Esse aumento da população de colonos resultou no confisco de terras e recursos naturais palestinos, e alimentou a pobreza da população local. Os assentamentos também ameaçam a viabilidade de um futuro Estado palestino, deixando a Cisjordânia fragmentada em 167 enclaves desconectados. A Oxfam apoia a solução dos dois Estados, mas os assentamentos são uma ameaça direta a essa solução.
Mas assentamentos também oferecem empregos para os palestinos, não?
A ocupação, constituída em grande parte por colonos israelenses na Cisjordânia, causa pobreza. De acordo com o Banco Mundial, as restrições de acesso dos palestinos à Área C – os mais de 60% de território local que está sob controle total do governo de Israel e onde a maioria dos assentamentos está localizado – custa à economia palestina cerca de US$ 3,4 bilhões por ano.
Como resultado disso, o desemprego na Cisjordânia aumentou – quase um em cada três palestinos em idade para trabalhar, abaixo dos 29 anos, está desempregado. Alguns palestinos encontram trabalho em fazendas e fábricas de colonos israelenses, mas isso acontece porque frequentemente há restrições para que possam ter seus meios de subsistência e têm, assim, pouca escolha.
A Oxfam trabalha com produtores de azeite de oliva e pastores que vivem perto dos assentamentos da Cisjordânia. Eles são impedidos de acessar partes de sua terra e recebem menos água por pessoa do que os colonos israelenses. Palestinos que estão na Área C necessitam permissões israelenses para construir novas casas, poços, sistemas de irrigação ou abrigos para animais, porém, mais de 95% dos pedidos palestinos são rejeitados. Ao mesmo tempo, os assentamentos israelenses continuam a expandir.
A Oxfam apoia o boicote a Israel?
Não! A Oxfam é contra o comércio com assentamentos israelenses na Cisjordânia porque eles foram ilegalmente construídos em terras ocupadas, aumentando a pobreza entre palestinos, e ameaçam as chances de sucesso da solução dos dois Estados. Entretanto, a Oxfam não se opõe ao comércio com Israel e não apoia o boicote a Israel, ou qualquer outro país.
A Oxfam não financia atividades que pedem boicote, desinvestimento ou sanções. A Oxfam acredita que uma sociedade civil vibrante é a melhor maneira para superar a pobreza e injustiças globais, e sabe que uma sociedade civil forte terá muitas opiniões e abordagens diferentes. A Oxfam trabalha com mais de 30 organizações parceiras israelenses e palestinas e não espera que todas essas organizações concordem com a visão da Oxfam em todas as questões. As diferentes visões não impedem o trabalho conjunto baseado no respeito à vida das pessoas na região.
A Oxfam também não financia ou apoia qualquer organização que promova práticas antissemitas ou qualquer outra discriminação, ou que defenda a violência. A Oxfam acredita que o comércio com os assentamentos ou empresas localizadas em assentamentos, contribui para legitimar a presença dessas mesmas empresas e para negar os direitos dos palestinos, incluindo o direito ao desenvolvimento. A Oxfam promove o consumo ético e apoia o direito dos consumidores de saberem a origem dos produtos que compram. Por isso, a Oxfam pede para que o governo de Israel assegure a rotulagem adequada de seus produtos a fim de que os consumidores possam diferenciar entre produtos dos assentamentos e aqueles produzidos em outras partes do país.
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