Tranças e apoio para jovens negros fugirem de sub-empregos
Moradora de uma comunidade em Acari, na zona norte do Rio de Janeiro, Jhenifer Raul tem 25 anos e mantém um salão de beleza com a esposa. Sua especialidade é fazer tranças nas clientes. Com a pandemia, o movimento do salão caiu bastante, “porque ninguém sai de casa, então arrumar o cabelo deixou de ser prioridade”.
Começou a fazer tranças em 2016 e, nesse mesmo ano, criou juntamente com outros jovens da comunidade a Coletiva Magia Negra, que nasceu de uma necessidade de criar um espaço alternativo para os jovens poderem estudar, criar e desenvolver suas habilidades em trabalhos diversos, “e não ter que se submeter ao sub-emprego”.
“Não tínhamos ensino médio completo, e começamos a produzir coisas para vender — cadernos, bijuterias e turbantes.”
Jhenifer e os demais jovens da Coletiva Magia Negra também faziam militância, dando palestras sobre emprego para jovens da comunidade, promoviam atividades culturais e palestras sobre igualdade racial. Eram chamados para dar palestras e oficinas em escolas da região.
Com ensino médio completo, Jhenifer tem vontade de fazer vestibular para estudar gestão e economia, e assim conseguir melhorar o seu salão de beleza. Mas antes quer estabilizar o negócio e aumentar a clientela.
Com isso, poderá realizar outro grande sonho de sua vida: ter uma casa própria para poder trazer o filho para morar com ela — ele hoje vive com a avó na Região dos Lagos. “Lá onde ele está com a avó, os números (de contaminação) são menores, aqui o pessoal não está tomando cuidado nenhum. Não queria que ele ficasse aqui por conta do risco de pegar a doença.”