NOTA PÚBLICA
Há tempos que especialistas alertam para o risco de o Brasil chegar à triste marca de 500 mil mortos por covid-19 caso não fossem tomadas, pelas autoridades, as medidas necessárias para frear a pandemia – uso sistemático de máscaras e outras proteções faciais, distanciamento social quando possível, testes e vacinação em massa, auxílio emergencial enquanto durar a pandemia e com valor adequado.
Pois pouco foi feito e a macabra marca foi atingida neste sábado, 19 de junho de 2021.
Conforme os números de contaminação e mortes avançam, ficam ainda mais evidentes a responsabilidade de integrantes do governo federal e do chamado “gabinete paralelo” em relação à atual situação do país em meio à pandemia. Não priorizaram a adoção de tratamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19 em vez de garantir a contratação da maior quantidade possível de vacinas para a imunização da população; pouco realizaram testes para verificar a incidência do vírus no país; promoveram aglomerações desnecessárias; e negligenciaram a importância de se proteger as pessoas em situação de vulnerabilidade e também gerar emprego e renda para amenizar o impacto da crise econômica provocada pela pandemia.
A covid-19 continua fora de controle no Brasil e a situação social e econômica vem piorando dia após dia, pelo menos para a maioria da população. O país tem mais de 14 milhões de desempregados e 40 milhões de trabalhadores informais que precisam ir às ruas para buscar alguma forma de sustento para suas famílias, cerca de 20 milhões de pessoas estão em situação de fome, milhares de pequenas e médias empresas estão fechando e os preços de insumos básicos para a sobrevivência – alimentos, gás de cozinha, energia elétrica e alugueis, entre outros – continuam aumentando sem controle algum.
O crescimento do PIB acima da expectativa foi comemorado por analistas e pelo governo, mas esconde uma realidade perversa: a recuperação econômica está sendo uma exclusividade do topo da pirâmide social e econômica do país. Aos mais pobres e em situação de extrema vulnerabilidade, restam a fome, o desemprego, o racismo estrutural, o desrespeito a direitos básicos e o aprofundamento das injustiças e desigualdades.
Com o governo federal fracassando em oferecer soluções, a população começa a ir às ruas para protestar contra o deplorável estado em que o país se encontra, contra as mortes evitáveis, contra o sofrimento do povo.
A Oxfam Brasil está ao lado de todas e todos que se alinham à ciência, à justiça social e econômica e à solidariedade. Renovamos nosso apelo para que as instituições brasileiras tomem as medidas cabíveis legalmente para salvar vidas e preservar a Constituição, responsabilizando a quem de direito e evitando que milhares de famílias no país continuem a sofrer.