Refugiados palestinos do norte de Gaza estão se abrigando em escolas para fugir da violência dos ataques aéreos de Israel. Foto: Marwan Sawwaf/ Alef Multimedia/ Oxfam.
O colapso dos hospitais e do sistema de saúde de Gaza, além das catastróficas condições de vida na região, está resultando na morte de bebês por causas evitáveis, alerta a Oxfam.
Os recém-nascidos de até três meses estão morrendo diarreia, hipotermia, desidratação e infeção, já que suas mães não têm o apoio médico necessário e estão vivendo em terríveis condições, sem água, saneamento, aquecimento ou comida.
A Oxfam afirma que a pausa humanitária de quatro dias, se ocorrer, é muito curta e frágil para fazer qualquer diferença devido ao tamanho das necessiades e destruição local. Sem equipamento essencial e apoio médico, bebês prematuros e abaixo do peso tem quase nenhuma chance de sobreviver.
A Juzoor, organização parceira da Oxfam em Gaza, é uma das poucas operano no norte de Gaza, apoiando cerca de 500 mulhes grávidas entre as 35 mil pessoas que vivem em 13 abrigos que não têm acesso à água potável e saneamento – são mais de 600 pessoas dividino um banheiro apenas. Eles informam que em cada um desses abrigos no último mês, pelo menos um recém-nascido morreu de causas totalmente evitáveis.
De acordo com a rede de médicos da Juzoor, os nascimentos prematuros aumentou entre 25% e 30%, com as mulheres grávidas enfrentando uma série de desafios, como ter que andar longas distâncias em busca de segurança, correndo das bomas e sendo obrigadas a viver em abrigos lotados em condições precárias. Também informam que os casos de descolamento de placenta, uma condição severa que ocorre em mulheres grávidas durante o parto e que representa um risco de vida tanto para a mãe como para o bebê, mais do que dobrou.
Umaiyeh Khammash, diretor da Juzoor, afirma que no último mês, pelo menos um bebê morreu em cada um dos abrigos. “O acesso a hospitais é extremamente perigoso e virtualmente impossível, então muitas mulheres estão tendo que fazer o parto com praticamente nenhum apoio nos abrigos.”
A comida está cada vez mais escassa e deve acabar a qualquer momento, afirma Khammash. “A falta e combustível afetou os hospitais no norte de Gaza e nos abrigos onde operamos. Não há luz elétrica, nem aquecimento. O inverno está chegando e está frio. É realmente um desastre para todas e todos, mas especialmente para as mulheres grávidas.”
A maioria dos hospitais no norte e Gaza não estão em operação devido aos ataques militares de Israel e os que continuam em atividade no sul estão superlotados e sem suprimentos essenciais. Mesmo antes da escalada da violência e do aumento do cerco, a Faixa de Gaza tinha uma das mais altas taxas de mortalidade neonatal do mundo, representando 68% de todas as mortes infantis.
Para Sally Abi Khalil, diretor regional da Oxfam no Oriente Médio, “Além do terror e carnificina em Gaza, agora estamos no estágio de ver bebês morrendo por causa de diarreia e hipotermia. É estarrecedor que recém nascidos cheguem a este mundo e tenham tão poucas chances de sobreviver.”
“Nossos parceiros nos contam que em alguns casos, mães estão tendo seus filhos em salas de aula abarrotadas de gente, sem apoio médico, dignidae ou mesmo higiene básica. Não acredito que alguém, de qualquer parte do mundo, discordaria que isso é simplesmente desumano.”
A Oxfam trabalha com a Juzoor para dar apoio a pessoas que estão em 13 abrigos no norte de Gaza, oferecendo kits de higiene e comida. A Juzoor mobilizou uma equipe de 60 profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiras, parteiras e psicólogos para providenciar o cuidado necessário.
A Oxfam apela para um cessar-fogo urgente e acesso humanitário desimpedido para restaurar serviços vitais e providenciar o apoio médico necessário, especialmente para mulheres grávidas e bebês recém-nascidos.