Em seu discurso nesta terça-feira (13/12), em Brasília, na reunião preparatória do G20 – grupo das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e União Africana, que, pela primeira vez está sob a presidência do Brasil –, o presidente Lula ressaltou problemas que impactam o planeta, propondo soluções para seu enfrentamento.
“Precisamos de uma nova globalização que combata as disparidades”, afirmou o presidente brasileiro, reafirmando que as desigualdades estão na raiz dos problemas. Dentre as medidas, Lula apontou a criação de uma Força-Tarefa contra a fome e a pobreza, além de uma Aliança Global visando impulsionar políticas públicas já testadas, mobilizar recursos para financiamento dessas políticas e difundir boas práticas e incentivar a cooperação Sul-Sul.
“O presidente destaca corretamente a centralidade política do debate sobre as desigualdades no mundo hoje, sendo louvável a disposição de colocar o tema no centro da agenda do G20 sob a presidência brasileira”, avalia Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil. “Esse diagnóstico e as soluções propostas, porém, não podem se perder nas prateleiras das boas intenções não realizadas, sendo fundamental a construção de um consenso político para que tais decisões saiam do papel. Que o Brasil esteja à altura desse desafio.”
Tributação dos super-ricos para enfrentar desigualdades
Lula descreveu um mundo marcado por conflitos armados, crise climática e fome, enquanto um pequeno grupo de super-ricos acumula mais e mais riquezas, não contribuindo em nada para a estabilidade geopolítica. “Um mundo que gera riquezas de mais de 100 trilhões de dólares por ano não pode conviver com a miséria e fome de mais de 700 milhões de pessoas”, disse.
“A agenda de tributação dos super-ricos, financiamento climático, reforma da governança global e um efetivo combate à fome e à pobreza é bem-vinda e tem potencial importante de reduzir as desigualdades globais e combater os impactos negativos da crise climática”, afirma Katia Maia. “É preciso, no entanto, que o Brasil transforme em prática esse discurso, por exemplo, por meio da defesa de sistemas tributários justos baseados na progressividade e transparência, seja em sua atuação externa, seja no âmbito doméstico”, assevera.