A Oxfam Brasil celebra a importância do combate às desigualdades dada pelo presidente Lula em seu discurso feito nesta terça-feira (19/9) na 78ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com ênfase na disparidade existente entre os poucos super-ricos e a imensa maioria da população global, e também entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento.
“O mundo está cada vez mais desigual. Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade”, afirmou Lula, citando dados do nosso relatório Lucrando com a Dor, lançado em maio de 2022, lembrando que é preciso, no entanto, vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como “fenômeno natural”. Há inúmeras crises no mundo hoje – climática, tensões geopolíticas, inseguranças alimentar e energética e pandemia – e se fosse para resumir todos os desafios numa única palavra, ela seria “desigualdade”. “A desigualdade está na raiz desses fenômenos ou atua para agravá-los.”
Para o presidente brasileiro, falta vontade política dos que governam o mundo para vencer a desigualdade, e para tal é preciso que haja uma profunda reforma das instituições multilaterais como o Conselho de Segurança da ONU, FMI, Banco Mundial e OMC, adaptando-as a um mundo mais multipolar, dando mais voz a países emergentes.
Lula criticou também a lentidão na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 e disse que a redução das desigualdades dentro dos países e entre eles deveria se tornar o objetivo-síntese da Agenda. E acrescentou que essa redução das desigualdades passa necessariamente pela inclusão dos mais pobres nos orçamentos nacionais e fazer com que os mais ricos paguem impostos proporcionais ao seu patrimônio.
O Brasil, disse o presidente brasileiro, não só está comprometido em implementar todos os 17 objetivos da Agenda 2030 nos próximos sete anos como adotará voluntariamente um 18º Objetivo, de alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira. Para a Oxfam Brasil, que trabalha com o tema da justiça racial, essa é uma excelente notícia e estaremos na linha de frente, com nossos parceiros, para implementar tal objetivo.
A agenda climática e ambiental também teve destaque no discurso de Lula, que reforçou a importância de o mundo lidar com a desigualdade histórica entre os países, lembrando que os 10% mais ricos emitem metade do carbono no mundo. Destacou a iniciativa da Cúpula de Belém, realizada em agosto de 2023, de reunir os países da região amazônica para discutir os problemas existentes e as soluções possíveis e desejadas. “O mundo inteiro sempre falou da Amazônia. Agora, a Amazônia está falando por si.”
Ao final de seu discurso, Lula afirmou que o Brasil, ao assumir a presidência do G20 em dezembro próximo, não medirá esforços para colocar no centro da agenda internacional o combate às desigualdades “em todas as suas dimensões”. O lema da próxima reunião do G20, revelou Lula, será “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. Para a Oxfam Brasil, essa construção passa necessariamente pela taxação dos super-ricos, que consideramos fundamental para o financiamento das políticas públicas que promovem redução das desigualdades brasileiras e globais.
Leia aqui a íntegra do discurso do presidente Lula realizado na 78ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.