Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
A concentração recorde de riqueza nas mãos de alguns pouco bilionários durante a pandemia de covid-19 e o empobrecimento sem precedentes de milhões de pessoas no Brasil e no mundo é motivo para indignação permanente das pessoas, e tem que ser combustível para manter viva a luta por transformação social e econômica.
Para Katia Maia (diretora-executiva da Oxfam Brasil), Jefferson Nascimento (coordenador da área de Justiça Social e Econômica da organização) e padre Júlio Lancellotti (da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo), que participaram do primeiro Twitter Spaces organizado pela Oxfam Brasil na plataforma, os dados apresentados pela pesquisa A Desigualdade Mata, lançada semana passada pela Oxfam, retratam uma grave situação de crise humanitária global.
“Essa riqueza da qual falamos é tão distante da nossa realidade que a gente faz esse esforço de trazer os números para as pessoas entenderem um pouco o que está acontecendo”, afirmou Katia Maia, lembrando que os 10 homens mais ricos do mundo dobraram suas riquezas durante a pandemia, enquanto 99% da humanidade viu sua vida piorar. “Essa concentração de riqueza tem um alto custo para todo o restante da população.”
Crise humanitária global
Padre Júlio Lancellotti reverenciou a pesquisa lançada pela Oxfam porque ela “quantifica e mostra com dados contundentes essa crise humanitária que estamos vivendo no Brasil e no mundo, e que causam a morte”. Ele lembrou que a adoção de medidas neoliberais na economia no Brasil agravaram a situação do país durante a pandemia, causando desemprego, fome e desemprego para a população, levando muitos à situação de miséria extrema. “É uma crise letal, homicida, que destrói a vida.”
A desigualdade que vivemos é tão escandalosa e assustadora, afirmou Padre Júlio, por atingir de forma mais violenta justamente a população que já vive em situação de extrema vulnerabilidade.
“A miséria extrema, que atinge grande parte da nossa população no Brasil e no mundo, é como uma pena perpétua, porque dificilmente essas pessoas vão conseguir se recuperar, sair da situação de miséria em que estão. Somos testemunhas de uma história terrível neste momento, e seremos julgados a partir da realidade que estamos vivendo”, afirmou padre Júlio.
Mais impostos para quem lucrou com a pandemia
Katia Maia fez questão de destacar que existem saídas, que passam por uma profunda discussão política dos rumos que devemos tomar para recuperar a economia e a dignidade para a vida das pessoas. Uma ampla reforma tributária, justa e solidária, que promova uma taxação de grandes fortunas – principalmente aquelas que foram beneficiadas com a pandemia – é um dos caminhos, afirmou a diretora da Oxfam Brasil.
“A maioria da população brasileira paga mais impostos, proporcionalmente, do que os super-ricos. Isso é de uma crueldade sem tamanho, mata qualquer perspectiva de desenvolvimento de uma sociedade.”
Ouça a conversa realizada no Twitter Spaces:
Confira o nosso relatório A Desigualdade Mata: