O desmatamento ilegal na Amazônia brasileira não gera apenas destruição da floresta, mas também muitas mortes de ativistas. Na última década, mais de 300 pessoas foram assassinadas no Brasil devido a conflitos por terra e por uso de recursos naturais na Amazônia brasileira. Segundo dados do relatório “Máfias do Ipê – Como a violência e a impunidade impulsionam o desmatamento na Amazônia brasileira” lançado pela Human Rights Watch na quarta-feira (18/9), a região é marcada por violência, desmatamento ilegal e impunidade.
O relatório foi lançado em audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (leia aqui). Ele mostra que a extração ilegal de madeira na Amazônia é em grande parte impulsionada por redes criminosas que têm a capacidade logística de coordenar a extração, o processamento e a venda em larga escala. Além disso, usam a violência como método para o avanço dessas atividades.
O Estado brasileiro tem fracassado em identificar e punir os responsáveis pelos crimes, diz o relatório. E assim, os conflitos por terra na Amazônia persistem.
“No país que mais mata defensores de direitos humanos e socioambientais na América Latina, a devastação da floresta e a violência contra os povos que nela vivem caminham lado a lado. O Estado tem que efetivar políticas de proteção a esses defensores”, afirma Marina Marçal, analista de políticas e incidência da Oxfam Brasil.
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A Human Rights Watch utilizou dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) para a elaboração do relatório. Foram analisados 28 dos casos de assassinatos ocorridos na Amazônia brasileira, quatro tentativas de homicídios e 40 ameaças.
300 assassinados em uma década
“Dos 300 assassinatos mapeados pela CPT, só 14 chegaram à Justiça. Entre os 28 examinados pela Human Rights, apenas dois foram julgados. No caso das 40 ameaças, nenhuma chegou a instância judicial”, destaca César Muñoz, pesquisador da instituição.
A organização informa que em pelo menos 19 dos 28 assassinatos examinados, os ataques foram precedidos de ameaças contra as vítimas ou suas comunidades. “Se as autoridades tivessem realizado investigações minuciosas sobre esses atos anteriores de intimidação, poderiam ter evitado os assassinatos”, destaca o documento.