O jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto criticou nesta quinta (21/5), em live da Oxfam Brasil no YouTube, a falta de proteção do governo federal aos trabalhadores brasileiros em meio à pandemia de coronavírus e a crise econômica provocada por ela. A jornalista Ana Claudia Mielke, secretária-geral do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC), também participou da conversa online, que foi mediada por Kátia Maia, diretora-executiva da organização.
As lives da Oxfam Brasil são realizadas todas as quintas-feiras, às 11 horas.
Medidas do governo são insuficientes
Segundo Sakamoto, as medidas tomadas até o momento pelo governo não só são insuficientes como também “pegadinhas”. Ele cita, por exemplo, a suspensão do contrato de trabalho de empregados por 4 meses para que eles recebam o seguro-desemprego.
“Em outros países, o seguro desemprego é muito maior, mas aqui não é suficiente para o sustento. Mas o Brasil prefere salvar companhias aéreas do que garantir um pagamento decente de seguro aos trabalhadores, o que faria com que a economia girasse”.
Aumento do trabalho escravo
O jornalista disse ainda que a ONU prevê um aumento do trabalho escravo no mundo inteiro justamente por conta do impacto econômico gerado pela pandemia. E a saída para que isso não ocorra, segundo o relator da ONU para formas contemporâneas de escravidão, é uma maior ajuda do Estado.
“É preciso criar estruturas de proteção social e trabalhista para que estas pessoas não precisem ir atrás de empregos bizarros. É a garantia de recursos para que o trabalhador possa ficar em casa, com tranquilidade”.
Mas, na opinião de Sakamoto, o país não está fazendo isso. “O custo dessa crise está sendo pago pelos trabalhadores, principalmente negros e negras”, afirmou.
Democracia enfraquecida reforça pandemia
Para a Ana Claudia Mielke, a democracia enfraquecida do Brasil acaba reforçando a disseminação da Covid-19 e aumentado a gravidade da pandemia no país.
“Pessoas sem direitos fundamentais, mais vulneráveis, com dificuldade de acesso ao sistema de saúde. Isso agrava absurdamente a pandemia, para trabalhadores e pessoas vulneráveis”, afirmou.
Além disso, a jornalista citou como exemplo as políticas de austeridade impostas pela emenda constitucional do Teto de Gastos, que limitaram o orçamento público em áreas essenciais como saúde e assistência social.
Kátia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, concorda que há uma visão muito reduzida de democracia no país. “Democracia plena significa direitos iguais, acesso igual à saúde e a garantia dos direitos garantidos à população brasileira. Não temos isso”. A crise provocada pela pandemia, que vem atingindo pesadamente trabalhadores e os mais vulneráveis, é intensificada pelas muitas desigualdades do país, afirmou.