O mote do Dia da Terra deste ano é a mudança climática – o maior desafio ao futuro da humanidade e ao ecossistema que torna nosso planeta habitável. Entretanto, as movimentações para mitigar os efeitos da crise do clima são escassas, e qualquer senso de urgência para agir – em especial, motivados por mobilizações da juventude – parece estar enfraquecendo. Isso porque a crise climática não parece ser uma ameaça imediata à nossa sobrevivência – ao contrário da crise da Covid-19. Portanto, neste Dia da Terra 2020, é importante entender a relação entre pandemia, mudança climática e desigualdades?
A cada dia, mais e mais pessoas estão sendo diretamente afetadas pelo coronavírus. Em cada família, em cada comunidade, em cada país, sabemos que precisamos cuidar uns dos outros.
A pandemia ameaça a todos nós – mas é um perigo maior para as pessoas que vivem na pobreza e em outras situações de vulnerabilidade. Assim como a crise climática, a Covid-19 deixa em evidência as desigualdades extremas que definem a nossa sociedade atual.
Dia da Terra 2020: pandemia e mudança climática
Enquanto as populações mais ricas têm acesso a serviços de saúde e riquezas suficientes para enfrentar a pandemia, a maior parte da humanidade enfrenta ambas as crises sem qualquer apoio.
A cada duas pessoas, uma enfrenta dificuldades diárias para sobreviver. As mudanças climáticas causaram impactos enormes nas vidas de milhões de pessoas neste ano – pragas agrícolas, falta de alimento e água potável, incêndios florestais e desastres naturais destruíram milhares de lares e empregos pelo mundo.
Nosso mais recente relatório mostra que o impacto econômico da pandemia do coronavírus poderá levar mais meio bilhão de pessoas à pobreza. Com isso, teremos um atraso de trinta anos na luta contra a desigualdade em certas partes do mundo, como a África. Isso não apenas irá dificultar a recuperação econômica pós-coronavírus, mas também irá reduzir a capacidade desses países de responder às mudanças climáticas.
Lutamos contra desigualdades e a pobreza
A Oxfam, uma rede global que luta contra a desigualdade e pelo combate à pobreza e à injustiça em mais de noventa países, está fazendo sua parte para lutar contra o coronavírus. Trabalhamos sem parar para ajudar populações mais vulneráveis, por meio da entrega de água limpa, saneamento e programas de saúde pública. Assim, garantimos que as pessoas tenham o que comer. Também transferimos recursos diretamente às pessoas mais necessitadas, além de outras medidas. Mais do que nunca, nós dependemos da compaixão e da generosidade dos nossos apoiadores antigos e novos.
Sabemos que somente a ação direta e ambiciosa de nossos governantes pode superar essa crise. Muitos países estão agindo rapidamente, mas apenas dentro de suas fronteiras. As nações precisam ampliar suas respostas a níveis nunca antes vistos. É necessário lançar uma campanha global de saúde pública e resposta a emergências para salvar vidas. Além disso, é preciso construir o maior pacote econômico da história para ajudar as pessoas durante a pandemia.
Cada governo, instituição e pessoa deve fazer sua parte. E quem tem mais recursos precisa arcar com a maior parte dos gastos. É preciso, por exemplo, garantir a suspensão e perdão das dívidas dos países mais pobres.
Trabalhamos para impedir uma catástrofe
Temos uma dívida com os trabalhadores da linha de frente – funcionários dos setores de saúde e serviços humanitários, cuidadores, trabalhadores de supermercados. São com essas pessoas que podemos contar em momentos mais difíceis. Estamos nessa juntos – trabalhando em conjunto para impedir uma catástrofe e construir para o futuro um mundo mais sustentável, igualitário e gentil.
Quando superarmos a ameaça da Covid-19, precisamos garantir o mesmo nível de entusiasmo, vontade política e compaixão para começar o processo de retificação do mal que fizemos ao meio-ambiente de nosso planeta. Assim, será possível garantir um futuro que ofereça esperança para toda a humanidade.
Esperemos que o Dia da Terra 2020 seja o ponto de virada nessa história. E que assim possamos caminhar juntos para derrotar não apenas a pandemia de coronavírus e a mudança climática, mas também a pobreza e as desigualdades. Com isso, vamos construir um mundo sustentável e mais justo para cada homem, mulher e criança.