Educação e oportunidades de geração de renda devem ser prioridade na crise humanitária da etnia rohingya, que vivem no maior campo de refugiados do mundo em Bangladesh. Três organizações globais – Oxfam, Save the Children e Visão Mundial – fizeram o alerta durante o lançamento, em Genebra (Suíça), do novo plano da ONU para lidar com a crise, que já dura um ano e meio, desde que milhares de pessoas da etnia rohingya fugiram da violência e perseguição em Myanmar.
Em nota, as três organizações pedem que os governos de todo o mundo financiem o Plano de Resposta Conjunta de 2019 para a crise humanitária rohingya. As ONGs aplaudem o novo e ambicioso plano da ONU – que prevê a aplicação de U$ 920,5 milhões para auxiliar mais de 1,25 milhão de pessoas na região, das quais 909 são mil refugiados e 336 mil moradores das comunidades locais – e pedem ênfase para atividades de geração de renda e educação.
As ONGs pedem que doadores e o governo de Bangladesh garantam que a ação humanitária naquele país auxilie os refugiados e as comunidades, dando a chance de uma vida segura e digna, por meio de garantia de necessidades básicas como alimentação, abrigo e água limpa. Isso também significa investir em educação, para empoderar os jovens com as ferramentas e habilidades necessárias para criar um futuro próspero num possível breve retorno em segurança para Myanmar, quando for possível. Além disso, tais medidas permitirão que os refugiados possam sustentar suas famílias com dignidade.
Cerca de 700 mil crianças e jovens entre 3 e 24 anos, incluindo 200 mil pessoas das comunidades ao redor dos campos de refugiados, não têm acesso à educação. Para os refugiados, a situação é especialmente grave: apenas 4 em cada 100 têm acesso a qualquer forma de educação convencional ou treinamento vocacional.
Sirjil, um refugiado de 13 anos, teme nunca mais ter acesso à escola. “Eu estava na quinta série em Myanmar, mas aqui não tenho nada para fazer. Às vezes vou à floresta coletar lenha. Às vezes vou ao rio… Não tem oportunidade para educação. Professores particulares custam 300 taka ao mês (cerca de U$3,50). Como podemos pagar por isso, se não temos dinheiro?”
Para Dipankar Datta, diretor da Oxfam em Bangladesh, as meninas rohingya, especialmente ao atingir a puberdade, enfrentam grandes dificuldades para ir à escola. “A falta de opção para as mulheres nos campos de refugiados torna a vida das mães solteiras muito difícil. Os doadores e o governo de Bangladesh devem ampliar as oportunidades de trabalho e educação para meninas e mulheres. Isso poderá protegê-las de abusos e exploração, ajudando a garantir um futuro melhor para elas e suas famílias.”
Oxfam, Save the Children e World Vision apelam ao governo de Bangladesh e à comunidade internacional para tornar a educação uma prioridade e encorajar iniciativas que promovam a auto-suficiência e a recuperação dos adultos.