Mais de meio milhão de pessoas que se refugiram da guerra civil no Iêmen na cidade portuária de Hodeidah, estão sob dupla ameaça: fome e temperaturas congelantes. O inverno no Iêmen é extremamente rigoroso e em geral vem acompanhado de fortes chuvas, que causam inundações e deixam muitas pessoas desabrigadas. Boa parte das 530 mil pessoas abrigadas em Hodeidah estão vivendo em barracas improvisadas, sem proteção contra o frio. Agências humanitárias identificaram mais de 75 mil famílias vulneráveis em diversos distritos pelo país que vão precisar de ajudar para enfrentar os meses de inverno. Quase 3 mil dessas famílias estão em níveis catastróficos de fome. Para a ONU, o Iemên vive hoje a pior crise humanitária do mundo.
Há uma terceira ameaça iminente, que depende do respeito ao cessar-fogo negociado semana passada na Suécia. Apesar do acordo, houve confrontos e bombardeios aéreos nos últimos dias, que atrapalham os esforços de ajuda humanitária e tornam a vida da população ainda mais difícil.
A Oxfam está no país africano providenciando ajuda, incluindo água potável e dinheiro em espécie para que as pessoas possam comprar alimentos básicos.
O intenso frio no país pode ser o golpe final para famílias que já lutam para sobreviver em meio à guerra e à fome, afirma Muhsin Siddiquey, diretor da Oxfam no Iemên. “Imagine tentar sobreviver a esse frio numa barraca, longe de casa, sem saber de onde virá sua próxima refeição – essa é a realidade de dezenas de milhares de famílias na região.”
“É fundamental que o cessar-fogo seja mantido para que a ajuda necessária alcance o máximo de pessoas possível este inverno”, afirma Siddiquey, acrescentando que a comunidade internacional não pode achar que os acordos fechados na Suécia vão resolver tudo. “Eles precisam manter a pressão sobre as partes envolvidas no conflito, para que baixem as armas e trabalhem por uma solução pacífica, que dê reais esperanças às pessoas no Iemên.”