A Cidade Estrutural é a região mais desigual do Distrito Federal e também lugar de muita potência criativa e de resistência de uma população que cria inúmeras estratégias de sobrevivência. São múltiplas as dimensões de problemas e soluções que podem ser encontradas nessa área de extrema desigualdade, e algumas dessas facetas estão presentes no livro Uma Cidade em Crônicas: Encarando Números na Estrutural, lançado pelo Movimento Nossa Brasília e Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), com apoio da Oxfam Brasil.
O livro traz crônicas e contos de ficção baseados em histórias reais e nas atividades desenvolvidas pelas organizações na região. Apesar de inspiradas na realidade, nenhuma das histórias do livro retrata uma personagem específica, nem tem a pretensão de falar pelo conjunto da comunidade local. Os textos são de Paíque Santarém.
Baixe aqui o livro: Uma Cidade em Crônicas: Encarando Números na Estrutural
A publicação é um desdobramento do Mapa das Desigualdades, lançado em 2016 para levantar indicadores de desigualdade em três regiões do DF – Samambaia, São Sebastião e Cidade Estrutural. O Mapa é uma importante base de dados e informações sobre indicadores oficiais da região (de saúde, educação, cultura, mobilidade urbana, saneamento básico e meio ambiente, trabalho e renda, e segurança pública) para fortalecer e impulsionar uma maior incidência dos movimentos sociais, comunitários e sociedade civil organização por melhores serviços e políticas públicas.
Na sua segunda etapa, o Mapa centralizou atenção na Cidade Estrutural, esmiuçando os indicadores de políticas públicas locais e investigando as necessidades e desejos dos moradores locais (<– veja os vídeos, são ótimos!). É assim surge o livro de crônicas e contos, revelando a energia das pessoas que resistem e insistem em construir suas vidas no local, apesar de todos os pesares.
As histórias são de pessoas que chegaram ao Distrito Federal diante das promessas da capital da esperança, vindas principalmente do norte e nordeste brasileiros, e que encontraram na Cidade Estrutural a possibilidade de renda no lixão (o maior da América Latina, fechado este ano) ou em atividades correlatas. A Cidade Estrutural recebeu seu nome por ter surgido às margens de uma via, a Estrutural, que liga o Plano Piloto de Brasília à Taguatinga, Ceilândia e cidades de Goiás situadas no entorno do DF. E foi ali que, ao longo de anos, toda a população de Brasília depositou seu lixo. E as pessoas que primeiro se instalaram nesse local, vieram para trabalhar como catadores e catadoras de materiais recicláveis.