Neste Dia da Consciência Negra, dia que evoca a história de Zumbi dos Palmares, além de reverenciar o legado de resistência e a trajetória de luta da população negra, a Oxfam Brasil reitera a importância do debate sobre o papel do racismo na estruturação das desigualdades em nosso país.
Embora constituam a maioria da população no Brasil – pretos e pardos representam 56,1% do povo brasileiro, segundo o IBGE -, as pessoas autodeclaradas negras ocupam apenas 25% dos assentos na Câmara dos Deputados, 29% dos mandatos em assembleias legislativas e 37% dos assentos no Senado Federal. Mulheres negras, que constituem 28% da população do país, foram eleitas para apenas 2,53% dos mandatos de deputados federais em 2018.
A sub-representação nos espaços de poder dessa maioria demográfica, histórica e socialmente marginalizada, limita a formulação de políticas públicas capazes de alterar o quadro das desigualdades econômicas e sociais que afetam de forma profunda pessoas pretas e pardas.
Não é possível falar em combate às desigualdades e construção de uma sociedade justa e igualitária no Brasil sem ações efetivas como, por exemplo, a adoção de políticas afirmativas, e, especialmente, sem a participação política das pessoas negras nos espaços de tomada de decisão e poder.
É importante dizer que enfrentar o racismo é algo que diz respeito às pessoas brancas a partir da compreensão do seu papel na criação e na manutenção do sistema racista. E esse enfrentamento passa pela quebra desse sistema que segrega milhões de pessoas à injustiça, à pobreza, à fome, à violência e à morte.
Enquanto houver racismo, não haverá democracia no Brasil. Não apenas nessa data, mas cotidianamente, a Oxfam Brasil se soma à luta antirracista protagonizada há séculos pelas organizações dos movimentos negros e reafirma seu compromisso com essa pauta que é central para avançarmos num projeto político de nação de fato justa, democrática, igualitária e solidária.