Mais Justiça, Menos Desigualdades

Na América Latina e no Caribe, 98 magnatas acumularam riqueza igual a toda a riqueza produzida no Chile e no Equador em um ano

Novo relatório da Oxfam destaca a polarização da riqueza na região, que tem a maior polarização de riqueza do mundo.

05/07/2024 Tempo de leitura: 2 minutos
 

O relatório da Oxfam, EconoNOSSA: hora de uma economia para todos, destaca a polarização da riqueza na América Latina e no Caribe, uma situação que reflete o fato de que essa alta desigualdade econômica dá a um pequeno grupo de pessoas super-ricas a capacidade de influenciar significativamente as políticas, afetando os direitos da maioria e minando as democracias.

Esse fenômeno, que beneficia as grandes corporações e os mais ricos, prejudica as garantias de emprego e prosperidade e afeta de maneira desproporcional as mulheres e os jovens, e principalmente as pessoas negras e indígenas. Além dessa desigualdade econômica, a região precisa enfrentar outros desafios significativos, como a crise climática e as mudanças demográficas, que exigem investimentos financeiros consideráveis.

A disparidade na distribuição da riqueza está corroendo as bases de nossas democracias. Alguns poucos indivíduos não devem decidir o destino da maioria. É imperativo reequilibrar nossa economia para refletir as vozes e as necessidades de todas as pessoas, não apenas dos poucos privilegiados.

Gloria Garcia-Parra

diretora regional da Oxfam para a América Latina e o Caribe

Alguns dados:

  • A região tem 98 bilionários cuja riqueza combinada é de US$ 480,8 bilhões, o que equivale ao PIB do Chile e do Equador juntos.
  • O 1% mais rico da América Latina e do Caribe possui 43,5% da riqueza total, enquanto a metade mais pobre tem apenas 0,8%.
  • Uma pessoa que trabalha e ganha o salário-mínimo médio na América Latina precisa trabalhar 90 anos para ganhar o mesmo que ganha um milionário em apenas um dia.
  • A Oxfam recomenda reformas tributárias que poderiam gerar US$264 bilhões, representando 4% do PIB regional, para apoiar ações e políticas públicas que priorizem a sustentabilidade da vida.

A organização pede mudanças estruturais para reduzir as desigualdades econômicas e sociais, promover a justiça climática e melhorar a autonomia financeira das mulheres, a fim de aumentar a renda e o acesso a serviços básicos e garantir empregos decentes.

São propostas cinco reformas tributárias que têm o potencial de arrecadar uma quantia que representa 4% do PIB regional. Esse valor, estimado em US$ 264 bilhões, seria usado para combater a desigualdade e financiar políticas públicas essenciais. Esse é um passo ousado em direção a um futuro em que cada indivíduo tenha a oportunidade de prosperar e em que a justiça econômica não seja apenas um ideal, mas uma realidade possível.

A América Latina e o Caribe têm a oportunidade de deixar de ser a região mais desigual do planeta por meio de um pacto fiscal, que tem o potencial de fortalecer a capacidade dos Estados de enfrentar os desafios sociais e ambientais e orientar a economia para um futuro inclusivo e sustentável.

“Este é um momento histórico para a região; com a presidência do Brasil no G20, temos a plataforma ideal para promover mudanças significativas. A implementação de um pacto regional pode ser a chave para erradicar a pobreza extrema e fortalecer nossa luta contra a crise climática”, diz Garcia-Parra.

A iniciativa busca aproveitar um momento político importante para garantir o desenvolvimento equitativo e superar a desigualdade histórica na região.

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