A Oxfam Brasil e dezenas de organizações da sociedade civil divulgam nota pública em solidariedade à jornalista Patricia Campos Mello, que foi insultada e atacada na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, no Congresso Nacional. Em seguida, Patricia também foi alvo de baixarias, ofensas e calúnias nas redes sociais por partidários e defensores do governo Bolsonaro.
A jornalista foi atacada na CPMI pelo depoente Hans River, ex-funcionário da empresa Yacows, especializada em disparos em massa de mensagens pelo Whatsapp e acusada pelo jornal Folha de S. Paulo – em que trabalha Patricia Campos Mello – de ter participado da campanha do então candidato à presidente, Jair Bolsonaro.
As acusações de River à jornalista foram feitas sem provas ou mesmo evidências. Com isso, acabaram gerando uma onda de ataques e ofensas nas redes sociais – algumas das quais feitas por políticos e outros aliados do presidente Bolsonaro.
Tempos de ódio e absurdo
Não é um caso isolado. A esse ataque somam-se diversos outros casos de intimidação e agressão a jornalistas e veículos de imprensa, “ferindo o princípio constitucional de liberdade de imprensa e expressão”, diz a nota. “Trata-se ainda de uma tentativa de desmoralização à instituição da CPMI, instância relevante para a investigação de crimes e escândalos no Brasil.”
Em tempos de banalização do ódio e do absurdo, é preciso denunciar a estratégia de destruição de reputações e instituições.
Portanto, dezenas de organizações da sociedade civil decidiram assinar uma nota pública afirmando que “os democratas deste país não podem observar calados à busca sistemática de degradação da reputação de jornalistas, adversários políticos, organizações da sociedade civil e todos os que façam críticas ao governo.”
Indústria de notícias falsas
“O que Hans River fez ontem foi “subir a barra” das dinâmicas de hostilidade e linchamento virtual. A linha que ele cruzou é a de mentir escancaradamente em uma instância em que a mentira é considerada crime. Não apenas proferiu inverdades com o intuito de se defender, mas mentiu atacando pessoas e instituições que vêm investigando e denunciando a indústria que prolifera notícias falsas no Brasil.”
Sendo assim, o único jeito de impedir que esse tipo de comportamento seja premiado é a repreensão pública por parte de atores políticos de diversos campos, bem como a punição em âmbito legal pelo crime que representa.
Os democratas deste país não podem observar calados à busca sistemática de degradação da reputação de jornalistas, adversários políticos, organizações da sociedade civil e todos os que façam críticas ao governo.
Leia aqui a íntegra da nota pública assinada pela Oxfam Brasil e dezenas de outras organizações da sociedade civil em solidariedade e apoio à jornalista Patricia Campos Mello e o jornalismo brasileiro.
Organizações que assinam essa nota:
- ABI – Associação Brasileira de Imprensa
- Abong – Associação Brasileira de ONGs
- Ação Educativa
- Bancada Ativista
- Brasil 21
- Casa Fluminense
- CENPEC Educação
- CHAMA
- Conectas Direitos Humanos
- Delibera Brasil
- Fundação Avina
- Frente Favela Brasil
- IDS – Instituto Democracia e Sustentabilidade
- Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
- Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas
- Instituto Vladimir Herzog
- Instituto Igarapé
- ISA – Instituto Socioambiental
- Judeus pela Democracia
- Movimento Acredito
- Open Knowledge Brasil
- Oxfam Brasil
- Política Viva
- Projeto Saúde e Alegria
- Transparência Brasil
- Transparência Capixaba
- Vote Nelas
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