Os desastrosos efeitos das mudanças climáticas continuam a castigar a África. Menos de 6 semanas após a passagem do ciclone Idai, que atingiu Malauí, Zimbábue e Moçambique, um novo ciclone, Kenneth, chegou à região Norte de Moçambique na última quinta-feira (25/4).
É a primeira vez que um ciclone atinge a região Norte do país e por isso a população está menos preparada para eventos como esse, mesmo após um desastre tão recente. Há tempestades e inundações nas cidades portuárias de Pemba e Macomia, com potenciais deslizamentos de terra. Cerca de 160 mil pessoas estão em risco.
Milhares de pessoas foram afetadas e perderam tudo o que tinham. Já são 9 os mortos confirmados e cerca de 35 mil casas afetadas. As vítimas precisam urgentemente de água, comida e kits de higiene. O déficit de financiamento ainda é enorme para os atingindos pelo ciclone Idai, e com esse novo ciclone a situação se torna ainda mais crítica. A Oxfam já está no local e está avaliando uma resposta integrada com parceiros locais e internacionais.
“O vento e a chuva foram muito fortes. Tudo foi destruído. Eu estava com muito medo e ainda estou. Precisamos de comida, de água e de uma nova casa. Agora estamos dormindo do lado de fora e todas as crianças começaram a tossir.” relata Alima, de 19 anos, que teve a casa destruida na cidade de Macomia.
Além das casas, as pessoas perderam também suas colheitas, que eram a base para a sobrevivência de muitas famílias.
Ajira, de 45 anos, plantava milho e mandioca em Macomia. “Meus campos foram todos destruídos pela tempestade. Eu tenho uma família de dez pessoas para sustentar e não temos nada para comer. Vai ser um momento muito difícil”, conta ele.
Dois ciclones atingindo diferentes partes do país têm um custo altíssimo para um país pobre como Moçambiuqe. O Banco Mundial diz que o cilone Idai custou ao país US$ 773 milhões. Mas o custo humano é ainda pior – as pessoas perderam lares, empregos, meios de subsistência e entes queridos. “Não estamos nem perto de poder ajudar as pessoas a reconstruir suas vidas. Outro desastre agora, sem dúvida, dificultará muito o nosso trabalho com os recursos limitados que temos”, afirma Dorothy Sang, gestora de Defesa Humanitária da Oxfam.
O ciclone Kenneth é mais um aviso mortal das mudanças climáticas, que atingem mais duramente as pessoas mais vulneráveis. Moçambique é o sexto país mais pobre do mundo, segundo o FMI. Suas emissões de carbono são 55 vezes menores que as dos EUA. Os governos internacionais – particularmente os principais emissores – têm dupla responsabilidade de reduzir as emissões rapidamente e ajudar as vítimas, incluindo aquelas cujas vidas foram destruídas pelo ciclone Idai.
No primeiro mês de sua resposta ao ciclone Idai, a Oxfam já alcançou quase 100.000 pessoas com ajuda de emergência que salva vidas.
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