O Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo, enfrenta sérios problemas de insegurança alimentar. Essa contradição foi o tema do Conversas para Mudar da terça-feira (11/06), que recebeu Vânia Marques Pinto, Diretora de Política Agrícola da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
Vânia apontou a desigualdade social como um dos principais fatores para isso. A concentração de renda e a falta de acesso a recursos essenciais impedem que uma grande parte da população tenha uma alimentação adequada.
Além disso, ela citou a insuficiência de políticas públicas que sejam de fato eficazes tanto na distribuição justa dos alimentos como nos incentivos aos pequenos produtores, levando em conta sua diversidade.
O campo é lugar de gente, o espaço rural para nós é lugar de vida, ele não é um lugar apenas de negócio. Então, para nós, é fundamental termos políticas públicas voltadas para a produção, mas também para a reprodução da vida. Uma das principais pautas é o acesso à terra, a gente diminuir essa concentração de terra que nós temos no nosso país.
Vânia Marques Pinto
Outro ponto discutido foi a prática agrícola predominante no Brasil, focada na exportação de commodities em detrimento da produção de alimentos básicos para o consumo interno. Essa abordagem econômica favorece grandes empresas e latifundiários, enquanto pequenos agricultores, que poderiam contribuir significativamente para a segurança alimentar, recebem pouco apoio.
Como solução, Vânia aponta uma reforma agrária justa, a promoção de políticas públicas inclusivas e sustentáveis, e o fortalecimento de redes locais de produção e distribuição de alimentos, como as cooperativas.
Ela destaca também a importância de um sistema alimentar que priorize as necessidades da população mais vulnerável, garantindo assim o direito básico à alimentação para todas as pessoas. “Não adianta apenas mudar o jeito de produzir, precisa mudar também o jeito de consumir. A nossa sociedade está contaminada por esse jeito acelerado de querer as coisas prontas, chegar no mercado e o alimento está ali. A sociedade precisa conhecer mais sobre a produção dos alimentos”, finalizou.
Confira a conversa na íntegra: